O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) deram início à estruturação de uma rede de vigilância formada por municípios brasileiros para detectar emergências sanitárias. Nesta primeira fase, o programa Epidemiologia Digital será implantado em Manaus (AM), Londrina (PR), Pirenópolis (GO), Medina (MG) e São Caetano do Sul (SP), localidades escolhidas por serem altamente digitalizadas. A expectativa é de que a rede seja ampliada a partir de julho.
O Epidemiologia Digital usará dados já coletados pelo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), do Ministério da Saúde, mas não utilizados para vigilância. O ITpS desenvolveu uma interface para uso dos municípios e dará treinamento computacional e de epidemiologia para que os próprios municípios possam fazer o monitoramento.
Atualmente, o intervalo entre o início de um surto e a sua detecção é de três a quatro semanas. O programa Epidemiologia Digital tem o objetivo de fazer o alerta em tempo real para que os municípios possam antecipar as medidas sanitárias que julgarem necessárias para o enfrentamento da emergência. Se houver necessidade de sequenciamento genômico de patógenos e os municípios tiverem dificuldade de encaminhamento das amostras, o ITpS acionará sua rede para agilizar a identificação do agente.
A primeira reunião entre ITpS, Conasems e representantes dos municípios ocorreu em Brasília, no início de abril. Participaram das discussões o epidemiologista Vanderson Sampaio e o cientista de dados Erick Souza, da equipe técnica do ITpS; Diogo Demarchi, assessor técnico do Conasems; Sanay Pedrosa e Adriane Valentim, da Secretaria Municipal da Saúde de Manaus; Hiumara Luz, Christian Kely Aires e Diogo Thalma, da Secretaria Municipal da Saúde de Pirenópolis; e Walter Vieira, da Secretaria Municipal da Saúde de Medina.
“O objetivo do Instituto Todos pela Saúde é empoderar os municípios, dar autonomia para que eles possam fazer o monitoramento em tempo real e antecipar a identificação de emergências sanitárias, como surtos e epidemias. Com a descoberta precoce, o poder público pode tomar com mais rapidez as medidas que julgar necessárias de modo a reduzir os efeitos para a população", afirma Mariângela Simão, diretora-presidente do ITpS.
Wilames Freire, presidente do Conasems, enfatiza a importância da informação para a tomada de decisões. “O Conasems busca estratégias permanentes para utilizar os dados existentes, produzidos no território municipal, visando intensificar o poder da informação para tomada de decisão em tempo oportuno. Nesse sentido, a parceria com o ITpS traz uma potencialidade em especial relacionada às informações da vigilância em saúde e atenção básica. Nosso objetivo é debater, testar e capitalizar as ofertas nos territórios municipais para que nossas respostas às emergências em saúde sejam cada vez mais adequadas”, afirma.
A parceria entre o ITpS e o Conasems envolve transferência de tecnologia e conhecimento.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que auxiliem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias.
O ITpS iniciou os trabalhos com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. O Instituto tem como associados efetivos a Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Instituto de Biologia Molecular do Paraná, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes:
Crédito da foto: Mateus Vidigal/Divulgação Conasems