Análise de 2.463 amostras coletadas entre 26 de dezembro de 2021 e 1° de janeiro de 2022 constatou SARS-CoV-2 em 337, sendo que em 312 (92,6%) há indicação da infecção pela variante Ômicron. O levantamento é do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) em parceria com os laboratórios Dasa e DB Molecular, que testaram um total de 32.946 amostras em 415 municípios de 25 estados, de 1° de dezembro de 2021 a 1° de janeiro de 2022.
No período de 26 de dezembro a 1° de janeiro, testes RT-PCR Especial apontaram a Ômicron em 80 municípios de 8 estados - Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins - e também no Distrito Federal.
A Ômicron tem diversas mutações e deleções (remoções de fragmentos de genes), e uma em particular afeta os códons 69 e 70 do gene S (linhagem Ômicron BA.1). Quando esse trecho do gene S não é identificado no teste RT-PCR Especial, é possível indicar que se trata da Ômicron. As amostras não foram sequenciadas geneticamente - a técnica é necessária para a confirmação da variante, mas exige mais tempo que o PCR-Especial.
"O ITpS considera relevante para as decisões de saúde pública a divulgação dos dados de teste RT-PCR Especial, principalmente neste momento em que o país vive um apagão de dados oficiais. Aliado a isso, temos de lidar com a baixa capacidade de testagem de casos e de sequenciamento genômico para acompanhamento das variantes, o que dificulta ainda mais a avaliação do cenário atual de disseminação do SARS-CoV-2 e a consequente atuação dos governos no combate à pandemia", afirma Jorge Kalil, diretor-presidente do ITpS.
No período de um mês, a positividade para SARS-CoV-2 aumentou de 5% para 13,7%, reflexo do avanço da Ômicron no país. "A situação de outros países mostra que a Ômicron se torna predominante em questão de semanas onde é introduzida. Apesar de nossas análises não mostrarem casos da variante em todos os estados, é provável que neste momento ela já esteja presente na maioria deles. A testagem no Brasil sempre foi muito baixa, e o tipo de teste RT-PCR Especial que usamos para detectar esta variante não é amplamente utilizado na rede pública. Isso explica em parte a grande concentração de casos detectados no Sudeste", diz o virologista Anderson Brito, pesquisador científico do ITpS e responsável pelo levantamento.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que ajudem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias. O ITpS iniciou os trabalhos com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. São parceiros institucionais a Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes:
À frente do ITpS
Renomados pesquisadores, professores e gestores integram o conselho administrativo, o comitê científico e a direção do ITpS, que tem o imunologista Jorge Kalil como diretor-presidente. Professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP, Kalil é diretor do serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). É membro do Conselho de Gestão de Dados e Segurança, grupo criado pelo governo dos Estados Unidos para supervisionar os testes de vacinas anti-covid-19 no país. Foi presidente do Instituto do Coração (2006-2008) e diretor do Instituto Butantan (2011-2017).