A proporção de casos prováveis de Ômicron BA.2 cresceu de 3,8% para 27,2% em três semanas (27 de fevereiro a 19 de março) no Brasil. A boa notícia é que, por enquanto, a positividade dos testes para detecção do SARS-CoV-2 continua em queda. O percentual, que chegou a 60% após a chegada da variante Ômicron BA.1 no país, agora está em 4,5%. Os dados são de monitoramento feito pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) em parceria com os laboratórios privados DB Molecular e Dasa.
Como a circulação do vírus está atualmente em um patamar mais baixo, o número de testes realizados também caiu. Entre 13 e 19 de março, os dois laboratórios fizeram um total de 4.417 exames para detecção do SARS-CoV-2, sendo que 192 foram positivos. Desde o início do levantamento, em 5 de dezembro de 2021, até 19 de março, o ITpS já analisou 118.638 testes.
“Precisamos aguardar mais algumas semanas para compreender o impacto que a entrada da BA.2 terá no Brasil. Podemos ver um aumento no número de infecções, mas não necessariamente de casos sintomáticos ou de hospitalizações”, afirma o imunologista Jorge Kalil, diretor-presidente do ITpS.
Apenas sequenciamento genômico das amostras indicarão que se trata com certeza de BA.2. Isso porque os testes moleculares RT-PCR Thermo Fisher utilizados pelos laboratórios são capazes de detectar o perfil SGTP (gene S detectado), que é característico da sublinhagem BA.2, mas também é encontrado, por exemplo, na variante Delta. “É importante continuarmos monitorando a disseminação da BA.2 e observar quais serão seus impactos. Em caso de sinais de reversão do cenário, uma resposta rápida será essencial, com revisão das flexibilizações adotadas recentemente, se necessário”, alerta o virologista Anderson Brito, pesquisador científico do ITpS responsável pelo levantamento.
Até 19 de março (semana epidemiológica 11), o banco de dados Gisaid, que reúne informações de sequenciamento genético de amostras de todo o mundo, apontava 131 casos de BA.2 no Brasil.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que ajudem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias. O ITpS iniciou os trabalhos com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. São parceiros institucionais a Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes:
À frente do ITpS
Renomados pesquisadores, professores e gestores integram o conselho administrativo, o comitê científico e a direção do ITpS, que tem o imunologista Jorge Kalil como diretor-presidente. Professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP, Kalil é diretor do serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). É membro do Conselho de Gestão de Dados e Segurança, grupo criado pelo governo dos Estados Unidos para supervisionar os testes de vacinas anti-covid-19 no país. Foi presidente do Instituto do Coração (2006-2008) e diretor do Instituto Butantan (2011-2017).