X
Para aumentar ou diminuir a fonte, utilize os atalhos Ctrl+ (aumentar) e Ctrl- (diminuir) no seu teclado.
FECHAR
cores originais
mais contraste
A+
Comunicação
BBC: 3 anos de pandemia de covid-19 - o que esperar da doença daqui em diante no Brasil
Na mídia

BBC: 3 anos de pandemia de covid-19 - o que esperar da doença daqui em diante no Brasil

11.03.2023

André Biernath


No dia 11 de março de 2020, o biólogo etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), fez um discurso que entraria para a história.


Num momento em que haviam sido registrados 118 mil casos e 4,2 mil mortes por covid-19 em 114 países, ele anunciou que estávamos, de fato, em uma pandemia.


"Essa é a primeira pandemia causada por um coronavírus. [...] Nós estamos soando o alarme em alto e bom som", declarou.


Três anos, 676,5 milhões de casos e 6,8 milhões de mortes depois, o mundo se encontra num momento completamente distinto da crise sanitária.


Com o desenvolvimento de vacinas, testes e remédios em tempo recorde, o coronavírus deixou de representar uma ameaça mortal para a maioria das pessoas — apesar de ainda ser um problema grave e preocupante para os grupos mais vulneráveis, como idosos e indivíduos com o sistema imunológico comprometido.


E o próprio Brasil é um exemplo dessa mudança de cenário: a taxa de mortalidade, que chegou a 201 por 100 mil habitantes em 2021, caiu para 36 no ano passado e, neste primeiro trimestre de 2023, encontra-se em três, segundo o painel do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).


Nesse período, a letalidade caiu de 2,9% para 0,7%.


Mas como chegamos até aqui? E o que esperar da covid-19 para os próximos anos? A BBC News Brasil ouviu pesquisadores para entender as perspectivas futuras desta doença e o que precisa ser feito para diminuir ainda mais o impacto dela na sociedade.


(...)


Variantes: na fronteira entre a calmaria e a vigilância


Nos últimos três anos, o coronavírus passou por uma série de mudanças em sua estrutura.


Essas mutações genéticas, que aumentaram o potencial do patógeno de se transmitir ou driblar a imunidade, levaram ao surgimento das variantes de preocupação (VOC, na sigla em inglês).


Até o momento, cinco linhagens do agente infeccioso foram classificadas como VOC: a alfa, a beta, a gama, a delta e a ômicron.


Cada uma delas provocou uma nova onda de casos, hospitalizações e mortes em alguns países ou no mundo inteiro.


A gama, por exemplo, surgiu no Estado do Amazonas e foi co-responsável por um dos piores momentos da pandemia registrados até o momento no Brasil e na América do Sul (embora não tenha sido tão impactante em outras partes do globo).


A última versão do vírus a ser classificada como VOC foi a ômicron, em novembro de 2021.


De lá para cá, nenhuma outra linhagem causou uma preocupação tão grande na comunidade científica.


Mas isso não quer dizer que a ômicron tenha permanecido intocada nesses últimos tempos.


"Quase todas as variantes que circulam desde o final de 2021 são descendentes da linhagem B.1.1.529, a ômicron ancestral", explica o virologista Anderson Brito, pesquisador do Instituto Todos Pela Saúde.


"No Brasil, tivemos surtos causados pela ômicron BA.1 no início de 2022. Em maio do ano passado, vimos uma nova subida das infecções causada por BA.2, BA.4 e BA.5", exemplifica.


"Em outubro, passamos por surtos da BQ.1, que descende da BA.5. E agora enfrentamos a XBB, uma variante derivada da BA.2", completa.


Essa sopa de letras e números reforça um aspecto importante: o estudo e a vigilância das mutações que aparecem no coronavírus é essencial para detectar linhagens perigosas antes que elas se espalhem demais.


"Investimentos em pessoal, treinamento, equipamentos e principalmente na coordenação das ações são essenciais para que o Brasil seja capaz de realizar uma vigilância genômica ampla, representativa e em tempo oportuno, não só das variantes do coronavírus, como também de vários patógenos, como os vírus de dengue, zika e outros que geram grandes impactos à saúde pública, mas são negligenciados", diz Brito.


Mas será que existe o risco de novas VOCs aparecerem daqui em diante?


"Quanto mais o vírus infecta seus hospedeiros, mais chances ele tem de adquirir novas mutações vantajosas para a disseminação dele", responde o virologista.


"Em populações com imunidade, seja por vacinas ou infecções prévias, o coronavírus tem enfrentado barreiras para se disseminar. Com isso, devido ao seu poder de adaptação via mutações, ele só tem conseguido se manter em circulação sob a forma de variantes com maior transmissibilidade e/ou maior capacidade de evadir parte de nossas defesas imune", continua.


E a melhor ferramenta para evitar um cenário pessimista, em que novas VOCs provocam ondas de casos e mortes por covid, está, mais uma vez, na vacinação.


"As vacinas representam uma vitória contra o coronavírus, e dificilmente viveremos cenários tristes como o de abril e maio de 2021, quando a variante gama ceifou milhares de vidas todos os dias no Brasil", conclui o pesquisador.


Conteúdo disponível no site da BBC (clique aqui)

Instituto Todos pela Saúde (ITpS) Av. Paulista, 1.938 – 16º andar
São Paulo - SP – 01310-942