Realizado por pesquisadores do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e do Hospital Israelita Albert Einstein (Hiae), o estudo foi publicado na revista científica Open Forum Infectious Diseases.
Métodos
O levantamento analisou 73.741 pessoas com diagnóstico laboratorial confirmado de covid-19 na cidade de São Paulo entre fevereiro de 2020 e dezembro de 2023. Foram consideradas reinfecções quando um novo teste positivo foi registrado pelo menos 90 dias após o anterior.
Além das informações clínicas, o levantamento incorporou indicadores socioeconômicos por distrito, como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), proporção de favelas, renda média, idade média ao morrer e taxa de emprego formal. A identificação dos períodos de predominância das variantes foi baseada nos dados da Gisaid para o estado de São Paulo.
Achados principais
Das mais de 73 mil pessoas acompanhadas, 5.626 foram reinfectadas, o que representa uma taxa geral de reinfecção de 7,6%. Desse número, 95% dos casos contaram com apenas uma reinfecção, mas alguns indivíduos chegaram a registrar até quatro episódios.
As variantes da Ômicron responderam por 97% das reinfecções. A subvariante XBB/XBB.1.5/XBB.1.16 teve a maior taxa de reinfecção entre todas (37,2%), afetando principalmente pacientes que haviam sido infectados anteriormente por outras linhagens da Ômicron. A zona leste da capital registrou a maior taxa (9,6%), seguida pelas zonas norte (7,8%), sul (7,7%) e oeste (7,3%). A região central, por outro lado, teve a menor proporção: 6,4%.
Interpretação
A partir da análise espacial e estatística, o estudo conclui que as desigualdades socioeconômicas têm impacto direto nas chances de reinfecção por covid-19. Viver em regiões com infraestrutura precária, alta densidade populacional e menos acesso a serviços básicos — como saúde e transporte — aumenta o risco de exposição ao vírus e de reinfecção.
As mulheres e pessoas acima de 40 anos foram proporcionalmente mais reinfectadas, embora esse achado possa refletir padrões de busca por atendimento e testagem.