A interoperabilidade de dados – capacidade de diferentes sistemas e tecnologias se comunicarem e trocarem informações – é um dos pilares da saúde digital, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa integração é importante para o acesso às informações de saúde de cada paciente, independentemente de qual região ele esteja, e decisiva para aumentar a rapidez e precisão na detecção e resposta a surtos e epidemias.
Desde o início de 2024, o Instituto Todos pela Saúde (ITpS) atua para otimizar a troca de informações entre sistemas essenciais do Sistema Único de Saúde (SUS). O primeiro passo desse trabalho resultou de uma parceria com o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB), e com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
O ITpS ajustou o Modelo Informacional dos resultados de exames laboratoriais, seguindo o mesmo padrão usado pela Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Foram realizados testes de validação do novo método com dados referentes a vírus respiratórios e arboviroses, como dengue, chikungunya e Zika.
Além disso, o lançamento de dados relacionados às arboviroses passou a ser adaptado para o padrão internacional de interoperabilidade em saúde, o Loinc (Logical Observation Identifiers Names and Codes, em inglês - ou, Nomes e Códigos de Identificadores de Observação Lógica, em português). O foco nesse grupo de doenças é estratégico: somente em 2025, o Brasil já registrou mais de 1,5 milhão de casos prováveis de dengue. A integração de dados permite que o Estado gere análises epidemiológicas mais precisas, prever cenários e definir estratégias eficazes no combate às doenças.
Conquistas do projeto até o momento:
Em 2024, o ITpS padronizou 100 mil exames para o novo padrão. Para os próximos passos, está prevista a integração do GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial), sistema que gerencia os exames feitos na rede pública de saúde, diretamente à RNDS, possibilitando que pacientes tenham acesso aos resultados de seus exames por meio do aplicativo Meu SUS. Esse avanço permitirá respostas rápidas, como evitar medicamentos contraindicados em determinados diagnósticos.
A interoperabilidade de dados representa um componente essencial em planos estratégicos de prevenção e resposta a surtos com potencial pandêmico. O ITpS reafirma sua convicção de que a inteligência de dados é a base da saúde do futuro.