O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) participou, no dia 11, do colóquio Lições Aprendidas na Pandemia de Covid-19, promovido pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde. O objetivo foi debater os ensinamentos que a emergência em saúde pública de importância internacional deixou ao país, na semana em que a declaração de pandemia por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) completou cinco anos. Além do ITpS, participaram do evento a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), entre outras entidades.
Em sua participação, o diretor de Operações do ITpS, Vanderson Sampaio, destacou experiências que revelaram as dificuldades de uma parte da sociedade em aceitar não apenas a realidade que estava sendo imposta pelo vírus, mas também os estudos científicos divulgados. Vanderson contou que chegou a sofrer ataques e ameaças pelas redes sociais quando participou do estudo CloroCovid-19, que evidenciou a ineficácia da cloroquina para o tratamento de infecções causadas pelo vírus.
"Parecia, de certa forma, que a gente estava fazendo algo errado, quando, na verdade, só estávamos fazendo o nosso trabalho", disse o diretor. "Aprendi que, no final, vale a pena. É preciso enfrentar essas pessoas, porque precisamos revelar a verdade e responder as perguntas existentes, mesmo que haja algum risco pessoal ou profissional para nós."
Vanderson também tratou de vigilância genômica – monitoramento de vírus, bactérias e outros microrganismos por meio da análise do seu material genético –, ferramenta cujo custo caiu nos últimos anos e que vem sendo adotada no Brasil com mais frequência.
O diretor acredita, no entanto, que, por responder a perguntas específicas, ela não deve substituir outras técnicas, como o PCR. "O Brasil usou a ferramenta adequadamente na pandemia, mas a gente, e especialmente o Ministério da Saúde, têm um grande trabalho em frente para popularizar o tema dentro do próprio SUS (Sistema Único de Saúde), para que, quem está na vigilância, entenda sua utilidade e quando aplicá-la."
Como agilizar o desenvolvimento de vacinas foi outra lição aprendida durante a pandemia. Vanderson explicou que a saúde pública brasileira mostrou ser capaz de realizar ensaios clínicos com rapidez, sem perder qualidade ou desrespeitar a ética do processo. Foi levantada também a questão de Uma Só Saúde, debatida no colóquio dentro do contexto de preparação e enfrentamento a pandemias. A abordagem, segundo Vanderson, é essencial na identificação de patógenos que podem ter potencial zoonótico, possibilitando uma espécie de arcabouço na preparação de vacinas e testes diagnósticos.
Por último, o evento tratou da iniciativa Mosaico, parceria entre Ministério da Saúde, Opas, Conass e ITpS. Ela possibilitou a elaboração do projeto Vigiares, que foca na preparação de planos de contingência para possíveis epidemias de síndromes respiratórias agudas.
O evento foi transmitido ao vivo e está disponível no YouTube. Confira: