Ítalo Rômany / João Pessoa
Circula nas redes sociais um post com a alegação de que pessoas que receberam o imunizante da covid-19 não podem ser doadoras de órgãos. O post usa o caso do apresentador Fausto Silva, o Faustão, para ilustrar o boato. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:
"Faustão precisará de transplante cardíaco e aguarda na fila (...) Atenção doadores, CUIDADO! Os vacinados não pode doar!"
Trecho de legenda que acompanha vídeo compartilhado no WhatsApp
FALSO
O Ministério da Saúde informa, por meio de nota, que pessoas vacinadas podem, sim, ser doadoras de órgãos. A vacinação não é critério para o transplante de órgãos. Entretanto, a pasta alerta que, como os imunizantes podem ocasionar reações como febre ou sintomas similares a uma infecção que são sinais impeditivos à doação, é preciso fazer uma triagem.
"Para a doação de órgãos, com o intuito de se prevenir a transmissão do SARS-CoV-2, o potencial doador será submetido à triagem clínica e epidemiológica cuidadosa, incluindo as informações sobre a exposição ao vírus, e triagem laboratorial, para identificar possíveis contraindicações para a doação", diz trecho da nota.
De acordo com o Ministério da Saúde, não podem ser doadores de órgãos pessoas com doenças infecciosas (como a aids) e câncer generalizado, ou ainda pessoas com doenças que tenham comprometido o estado dos órgãos. A Associação Brasileira de Transplante de órgãos também ressalta em seu site que pacientes com diagnóstico de tumores malignos (com algumas exceções), com doença infecciosa grave aguda ou algumas doenças infectocontagiosas não podem ser doadores.
Em vídeo enviado pela assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Daniela Salomão, ressalta que, para que um órgão possa ser transplantado para uma outra pessoa, ele precisa estar em situação clínica adequada.
"Tudo isso é avaliado, enquanto nós estamos fazendo o protocolo de morte encefálica, as equipes assistentes estão avaliando a situação daquele doador, como doenças pré-existentes. Doenças que podem ser transmitidas a um paciente podem contraindicar a doação. Então são diretrizes técnicas, avaliadas durante o processo de internação e continuadas no momento da cirurgia de extração", diz.
Para ser um doador, o Ministério da Saúde informa que basta conversar com sua família sobre o seu desejo. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. Os órgãos são doados para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
O quadro de saúde de Fausto Silva também virou peça de outra desinformação que circulou nas redes sociais. Um post associava a insuficiência cardíaca do apresentador à vacina da covid-19. A Lupa desmentiu o boato.
Faustão passou por transplante
O apresentador Fausto Silva passou por um transplante cardíaco em 28 de agosto. De acordo com o Hospital Albert Einstein, a cirurgia durou cerca de 2h30. O apresentador ocupava o segundo lugar na fila de espera por um coração, segundo a Central de Transplantes do Estado de São Paulo.
O Ministério da Saúde informou que, no caso de Faustão, em razão de seu estado grave de saúde, ele recebeu o órgão após ser constatada a compatibilidade necessária para o procedimento.
Checagem similar foi produzida por Estadão Verifica e Reuters.
Nota: Este conteúdo foi produzido pela Lupa com apoio do Instituto Todos pela Saúde (ITpS). Para ler o texto no site da Lupa, clique aqui.