Mônica Tarantino
O primeiro caso conhecido de covid-19 provocado pela sublinhagem XE foi divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 7 de abril. Ele foi identificado em São Paulo um dia antes pelo Instituto Butantan. Descoberta em meados de janeiro deste ano no Reino Unido, a sublinhagem XE é um vírus recombinante composto por uma mistura dos genomas de duas linhagens da variante Ômicron: as linhagens BA.1 e BA.2.
Embora mais estudos complementares sejam necessários, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já avisou que a XE pode ser ainda mais contagiosa. "Com base em análises iniciais de sequenciamento genético disponíveis, existe uma ligeira vantagem na sua transmissibilidade em relação à variante BA.2. Cerca de 10%, e não dez vezes, como foi reportado por alguns", esclareceu a Dra. Maria Van Kerkhova, Ph.D, líder técnica da OMS, em mensagem em vídeo divulgada no dia 9 de abril.
A convite do Medscape em português, o virologista Anderson Brito contextualizou o aparecimento da linhagem recombinante XE e explicou como são classificadas as novas versões do SARS-CoV-2. Ele faz parte da Pango Network, uma equipe internacional lançada por pesquisadores da University of Oxford e da University of Edinburgh, no Reino Unido, para supervisionar a identificação e nomeação de diferentes linhagens do SARS-CoV-2. Biólogo de formação, tem mestrado em microbiologia pela Universidade de São Paulo e doutorado em biologia computacional pelo Imperial College London, no Reino Unido. É pesquisador afiliado à Yale University, nos Estados Unidos, e pesquisador científico do Instituto Todos pela Saúde (ITpS).