A sublinhagem Ômicron BA.2, que entrou no Brasil no final de fevereiro, foi identificada em 69,3% das amostras de SARS-CoV-2 analisadas pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) entre os dias 3 e 9 de abril em parceria com os laboratórios privados Dasa e DB Molecular. No período, a taxa de positividade dos testes passou de 4,5% para 6,2%.
O ITpS começou a monitorar em dezembro de 2021 a chegada da variante Ômicron e a sua disseminação no Brasil. Desde 5 de dezembro, o Instituto analisou 147.898 testes RT-PCR Especial para SARS-CoV-2 realizados pelos laboratórios parceiros. Dos 9.412 feitos entre os dias 3 e 9 de abril, 586 deram positivo (taxa de 6,2%). Esse teste permite a detecção do gene S (perfil SGTP, linha cinza no gráfico) e por meio dele é possível inferir a variante.
O impacto da BA.2 tem sido diferente nos países: no Reino Unido houve aumento de casos e de hospitalizações e na África do Sul, não. Aspectos demográficos e de imunidade populacional podem explicar esses padrões.
"É provável que, com a disseminação da BA.2 no Brasil, vejamos uma subida do número de casos, mas esperamos que ela não cause os mesmos impactos da BA.1, comportando-se de forma similar à substituição da Gama pela Delta. Precisamos aguardar e avaliar o cenário das próximas semanas", afirma o virologista Anderson Brito, pesquisador científico do ITpS responsável pela análise.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que ajudem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias. O ITpS iniciou os trabalhos com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. São parceiros institucionais a Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes:
À frente do ITpS
Renomados pesquisadores, professores e gestores integram o conselho administrativo, o comitê científico e a direção do ITpS, que tem o imunologista Jorge Kalil como diretor-presidente. Professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP, Kalil é diretor do serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). É membro do Conselho de Gestão de Dados e Segurança, grupo criado pelo governo dos Estados Unidos para supervisionar os testes de vacinas anti-covid-19 no país. Foi presidente do Instituto do Coração (2006-2008) e diretor do Instituto Butantan (2011-2017).