A positividade de testes para SARS-CoV-2 continua caindo no Brasil. O percentual — que alcançou 67,7% em 22 de janeiro — chegou a 27,4% em 19 de fevereiro, uma queda de 40 pontos percentuais. Apesar da variação expressiva, a taxa de resultados positivos ainda está elevada: no início de dezembro, antes da disseminação da variante Omicron no país, ficava abaixo de 2%. O levantamento é do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) em parceria com os laboratórios privados Dasa e DB Molecular.
O relatório do ITpS traz outra informação importante: o percentual de testes positivos para SARS-CoV-2 em que há indicação da variante Ômicron sublinhagem BA.1 caiu de 98,9% para 97% entre 13 e 19 de fevereiro. No período, subiu de 1,1% para 3% a taxa que inclui a variante Ômicron sublinhagem BA.2, a Delta e eventualmente outras linhagens do novo coronavírus.
“Há algumas semanas estamos observando a queda da positividade de testes de covid-19: é um ótimo sinal. O padrão epidemiológico que temos visto com a Ômicron BA.1 no Brasil é semelhante ao de outros países: subida vertiginosa de casos por quatro a cinco semanas, afetando principalmente os mais suscetíveis (incluindo os não vacinados), seguida por uma rápida queda pelo mesmo período. Ainda estamos na fase de queda. Até que o número de casos alcance patamares mais baixos, como em meados de dezembro passado, as medidas preventivas usuais cumprem um papel importante.”, afirma o virologista Anderson Fernandes de Brito, pesquisador científico do ITpS responsável pelo levantamento.
A sublinhagem BA.1 da Ômicron tem diversas mutações e deleções (remoções de fragmentos de genes), e uma em particular afeta os códons 69 e 70 do gene S. Quando esse trecho do gene S não é identificado no teste RT-PCR Especial, é possível indicar que se trata da Ômicron BA.1. Por outro lado, quando o gene S é detectado (perfil SGTP, do inglês S gene target positive), trata-se de Omicron BA.2, Delta ou outra variante com perfil genético similar. Em fevereiro deste ano, pelo menos 145 casos com perfil SGTP foram identificados no país.
Neste levantamento do ITpS, as amostras não foram sequenciadas geneticamente — a técnica é necessária para a confirmação da variante, mas exige mais tempo que o PCR-Especial.
Entre 13 e 19 de fevereiro foram realizados 5.589 testes RT-PCR Especial, sendo que 1.532 deram positivo para SARS-CoV-2 e em 1.486 deles existe a indicação da variante Omicron BA.1. No total, desde o início do monitoramento da Ômicron no Brasil, o ITpS já analisou um total de 112.530 testes realizados pelos laboratórios parceiros.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que ajudem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias. O ITpS iniciou os trabalhos com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. São parceiros institucionais a Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes:
À frente do ITpS
Renomados pesquisadores, professores e gestores integram o conselho administrativo, o comitê científico e a direção do ITpS, que tem o imunologista Jorge Kalil como diretor-presidente. Professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP, Kalil é diretor do serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). É membro do Conselho de Gestão de Dados e Segurança, grupo criado pelo governo dos Estados Unidos para supervisionar os testes de vacinas anti-covid-19 no país. Foi presidente do Instituto do Coração (2006-2008) e diretor do Instituto Butantan (2011-2017).