A positividade para dengue no estado de São Paulo cresceu de 16% para 35% entre o início de 2024 e a semana epidemiológica (SE) 10, encerrada em 9 de março, sendo que na última semana analisada o salto foi de 12 pontos percentuais. A curva começou a subir na SE 43, finalizada em 28 de outubro de 2023, quando estava em 0,44%. É o que mostram análises do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com base em 172.505 exames diagnósticos feitos entre 5 de março de 2023 e 9 de março de 2024 por Hospital Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin. Os dados vêm principalmente das regiões Centro-Oeste e Sudeste do país.
Os exames diagnósticos dos laboratórios privados apontam importantes diferenças cronológicas nos surtos de dengue em curso. De uma forma geral, a positividade está aumentando desde o início de novembro. No Distrito Federal, a curva começou a crescer um pouco antes, no fim de outubro de 2023. Naquela unidade da federação, o percentual de positivos saiu de 0,75% (SE 41, encerrada em 14 de outubro) e bateu 43% no fim de dezembro. Na primeira semana de 2024 foi a 49%, depois iniciou uma queda até 20%, que não se sustentou, e voltou a subir, atingindo 27%, com tendência de alta.
Em Minas Gerais, a positividade fechou o ano de 2023 em 12% e iniciou a primeira semana de 2024 em 22%. Depois, durante um mês e meio, oscilou entre 20% e 26% e agora está em 28%. Entre os estados com dados suficientes para análise individual, Mato Grosso é o que tem a menor positividade. O estado terminou o ano com 7%, chegou a 15% no início de fevereiro e na última semana analisada teve uma queda de 11% para 3%.
Considerando todos os estados analisados pelo ITpS, a positividade para dengue fechou o mês de outubro de 2023 em 2,5% e subiu para 36% no fim de dezembro. Agora está em 27%, com tendência de alta.
No mesmo período do ano passado (SE 10), o percentual era de 22% e em 2022, 25%. Observando os anos anteriores, a tendência é de aumento de casos positivos até abril/maio, quando deve ocorrer o pico das infecções em grande parte dos estados.
Em relação à faixa etária das infecções, a positividade para dengue é maior entre as pessoas de 50 a 59 anos (38%) e de 30 a 39 anos (32%) e menor entre os mais novos – de 0 a 4 anos (6%) e de 5 a 9 anos (17%).
O monitoramento de arboviroses realizado com dados de laboratórios parceiros reflete uma amostragem não uniforme das unidades federativas e sem ajuste populacional. O ITpS destaca a importância da análise de dados em tempo oportuno para fornecer informações que possam ajudar o poder público e as entidades médicas a acompanhar a dinâmica da epidemia e, assim, subsidiar decisões de saúde pública de acordo com o cenário observado.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que auxiliem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias.
Os trabalhos foram iniciados com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. O ITpS tem como associada mantenedora a Fundação Itaú e como associados a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes: