O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) promoveu, durante o 60º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, o MedTrop 2025, o simpósio "Fortalecimento da capacidade de preparação e resposta do Brasil frente a epidemias e pandemias" para debater um tema central: a necessidade de o país construir um modelo permanente de resposta a emergências sanitárias.
Moderado pelo diretor-presidente do ITpS, Gerson Penna, o encontro contou com apresentações de Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, e José Gomes Temporão, médico sanitarista e ex-Ministro da Saúde. As falas concentraram-se em torno de um mesmo ponto: o Brasil precisa transformar o aprendizado da pandemia de covid-19 em uma estrutura institucional sólida, contínua e integrada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Foto: ITpS
Desafios e proposta de uma política de Estado
Em sua apresentação, José Gomes Temporão destacou que novas emergências em saúde pública são inevitáveis. "Teremos outras epidemias e pandemias, só não sabemos quando", afirmou. Segundo ele, esses eventos representam riscos recorrentes, complexos e de alta incerteza, com efeitos nacionais e internacionais.
O ex-ministro lembrou que a pandemia de covid-19 revelou fragilidades estruturais no comando, coordenação e comunicação de risco no país e que o padrão de descontinuidade nas ações governamentais agrava os impactos sociais e econômicos. "O custo humano, social e financeiro da descontinuidade é alto, sobretudo para regiões e populações mais vulneráveis", apontou.
Temporão defendeu que responder a crises com "arranjos precários e sujeitos aos humores da política" não é suficiente. Para ele, é urgente que o Brasil estabeleça uma política de Estado para o enfrentamento das emergências em saúde pública, integrada ao SUS, com governança clara, orçamento previsível, continuidade entre governos e transparência de resultados.