Análise de 4.589 amostras coletadas entre 9 e 15 de janeiro no Brasil constatou a presença de SARS-CoV-2 em 2.658 (57,9%), sendo que em 2.629 (98,9%) há indicação da variante Ômicron. Em relação ao levantamento anterior, cujas amostras foram coletadas entre os dias 2 e 8, o número de municípios onde a Ômicron foi detectada passou de 191 para 257. Os dados são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) em parceria com os laboratórios privados DB Molecular, Dasa e CDL.
No início de dezembro, cerca de 5% dos testes realizados pelos três laboratórios davam positivo para o SARS-CoV-2. A prevalência vem aumentando a cada semana: subiu para 13,7%, depois na semana passada foi para 39,5%, e agora é de quase 60%, revelando a velocidade de alastramento da variante Ômicron.
"Se o Brasil tivesse uma política de testagem em massa, o número seria ainda maior. Além de testarmos pouco, há falta de testes em razão da alta demanda causada pela Ômicron. O dado nos mostra uma parte do problema", afirma o imunologista Jorge Kalil, diretor-presidente do ITpS.
No total, os laboratórios DB Molecular, Dasa e CDL fizeram, entre 1° de dezembro de 2021 e 15 de janeiro de 2022, um total de 76.973 testes RT-PCR Especial para detectar SARS-CoV-2. As amostras foram coletadas em 522 municípios de 26 Estados e do Distrito Federal.
Nesse período, 43% dos infectados tinham entre 19 e 39 anos e 59% eram do sexo feminino. Segundo o virologista Anderson Brito, pesquisador científico do ITpS e coordenador do levantamento, esses padrões podem ser explicados pela maior atividade econômica dos jovens, que aumenta o risco de exposição ao vírus, e pela busca por testes entre mulheres, mas estudos adicionais são necessários para entender melhor esse fenômeno.
A Ômicron tem diversas mutações e deleções (remoções de fragmentos de genes), e uma em particular afeta os códons 69 e 70 do gene S (linhagem Ômicron BA.1). Quando esse trecho do gene S não é identificado no teste RT-PCR Especial, é possível indicar que se trata da Ômicron. As amostras não foram sequenciadas geneticamente - a técnica é necessária para a confirmação da variante, mas exige mais tempo que o RT-PCR Especial.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que ajudem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias. O ITpS iniciou os trabalhos com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. São parceiros institucionais a Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes:
À frente do ITpS
Renomados pesquisadores, professores e gestores integram o conselho administrativo, o comitê científico e a direção do ITpS, que tem o imunologista Jorge Kalil como diretor-presidente. Professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP, Kalil é diretor do serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). É membro do Conselho de Gestão de Dados e Segurança, grupo criado pelo governo dos Estados Unidos para supervisionar os testes de vacinas anti-covid-19 no país. Foi presidente do Instituto do Coração (2006-2008) e diretor do Instituto Butantan (2011-2017).