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Comunicação
Um terço das 118 macrorregiões de saúde do Brasil apresenta alta incidência de covid-19
Notícias do ITpS

Um terço das 118 macrorregiões de saúde do Brasil apresenta alta incidência de covid-19

08.12.2022

Das 118 macrorregiões brasileiras de saúde, 40 (33,9%) apresentam neste início de dezembro alta taxa de casos semanais de covid-19 (mais de 100 casos por 100 mil habitantes). Há dez semanas, apenas 2 (1,7%) estavam nessa situação. As principais macrorregiões com índices elevados estão nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraíba e Distrito Federal. O recorde é do ES, com mais de 400 casos por 100 mil habitantes. As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), com dados do Ministério da Saúde. Para este relatório, que observa a situação epidemiológica da covid-19 no Brasil e no mundo e as variantes em circulação, o ITpS também utilizou dados da Universidade Johns Hopkins e do banco internacional Gisaid.

Com base nas informações de sequenciamento genômico do SARS-CoV-2 depositados pelo Brasil no banco internacional Gisaid, o ITpS estima que a variante BQ.1 é predominante no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. No Norte, a BA.5 domina, e no Sul as variantes BQ.1 e BA.5 provavelmente circulam concomitantemente em frequências similares.

Para fazer a análise, o ITpS utilizou modelos estatísticos que corrigem o atraso dos dados (nowcasting) para predizer, no momento atual, as frequências mais prováveis das variantes. Isso porque os dados disponíveis no Gisaid, depositados por instituições como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Butantan, Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) e Dasa, incluem amostras coletadas de 25 de setembro a 18 de novembro. Esses dados mostram que, até meados de novembro, havia predomínio das sublinhagens BA.5, seguidas por sublinhagens BQ.1.

A geração de dados de sequenciamento é um processo complexo e multidisciplinar, sendo comuns atrasos entre a coleta das amostras e o depósito dos genomas no Gisaid. Por isso, o ITpS utilizou o nowcasting. Abaixo, a primeira linha de gráficos mostra as frequências com os dados disponíveis de 25 de setembro a 18 de novembro e a segunda, a predição com o nowcasting, usando conhecimentos já existentes sobre a dinâmica das variantes.

Em relação à taxa de positividade dos testes para SARS-CoV-2, o percentual passou de 41% na semana encerrada em 19 de novembro para 37% na semana finalizada no dia 26 — o número divulgado pelo ITpS no último relatório, de 33%, foi ajustado após o recebimento de novos dados — e agora está em 36% (semana até 6 de dezembro). Para essa análise, o Instituto utiliza dados dos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular e HLAGyn.

Ao redor do mundo

O ITpS também levantou e analisou dados mundiais, focando nos 20 países com as maiores taxas semanais de novos casos. Nas últimas dez semanas, os cinco países que mais se destacaram pela alta circulação do SARS-CoV-2 foram Taiwan, Áustria, Hong Kong, Coreia do Sul e Grécia. Em algumas semanas eles tiveram mais de 500 casos por 100 mil habitantes.

Também foram analisadas as variantes em circulação nos diferentes países. Na Ásia, em locais como Taiwan (TWN), Hong Kong (HKG), Coreia do Sul (KOR), Singapura (SGP) e Japão (JPN), as linhagens BA.5 e sublinhagens (como BF.5 e BF.7), a BA.2.75 e a recombinante XBB são as principais responsáveis pela maioria dos casos.

Na Europa, em países como Áustria (AUT), Grécia (GRC), Eslovênia (SVN), França (FRA) e Alemanha (DEU), a composição de linhagens circulantes é similar à da Ásia, porém com participação importante da linhagem BQ.1 (derivada da BA.5.3), principalmente no território francês.

Na América do Sul, o Chile chama atenção com taxas superiores a 100 casos por 100 mil habitantes por semana desde o fim de setembro. Por lá, as variantes predominantes são a BA.4.6 e a BF.31 (derivada da BA.5.2).

O ITpS considera importante acompanhar o cenário epidemiológico no mundo porque ele pode antecipar padrões relevantes no Brasil.

O Instituto Todos pela Saúde está monitorando a circulação do SARS-CoV-2, de suas variantes e de patógenos respiratórios. Este é um relatório ampliado sobre a situação epidemiológica da covid-19 do Brasil e do mundo. O objetivo é fornecer para o poder público, a imprensa e a sociedade informações com agilidade, para ajudar na tomada de decisões de saúde. Todos os relatórios estão disponíveis na seção Pesquisas do site do ITpS: itps.org.br.

A atuação do ITpS

O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que auxiliem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias.

O ITpS iniciou os trabalhos com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. São parceiros institucionais a Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP),  a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.

O ITpS atua em três frentes: 

  • Fortalecimento de redes de vigilância epidemiológica - Articular redes para a obtenção de informações científicas relevantes à saúde pública e cobrir lacunas relacionadas à baixa capacidade de sequenciamento genômico.
  • Análise de dados - Promover análise e integração de bancos de dados para influenciar políticas públicas baseadas em evidências científicas.
  • Formação e informação - Desenvolver profissionais que atuem com vigilância epidemiológica, genômica e análise de dados ligados a doenças infecciosas. Tornar públicos os dados científicos.

À frente do ITpS

Renomados pesquisadores, professores e gestores integram o conselho administrativo, o comitê científico e a direção do ITpS, que tem o imunologista Jorge Kalil como diretor-presidente. Professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP, Kalil é diretor do serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). É membro do Conselho de Gestão de Dados e Segurança, grupo criado pelo governo dos Estados Unidos para supervisionar os testes de vacinas anti-covid-19 no país. Foi presidente do Incor (2006-2008) e diretor do Instituto Butantan (2011-2017).

Instituto Todos pela Saúde (ITpS) Av. Paulista, 1.938 – 16º andar
São Paulo - SP – 01310-942