A positividade para o vírus da dengue passou de 0,7% para 13% entre as semanas epidemiológicas 47 (19 a 25 de novembro de 2023) e 3 (14 a 20 de janeiro de 2024). A tendência é de aumento de casos positivos até abril/maio, quando deve ocorrer o pico das infecções. É o que mostra o primeiro relatório de monitoramento de arboviroses, com foco em dengue, do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), desenvolvido com base em 50.558 testes (IgM, antígeno e PCR) feitos pelos laboratórios do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Hilab, HLAGyn e Sabin, de 1º de janeiro de 2022 a 20 de janeiro de 2024. A maioria dos testes é do Sudeste e do Centro-Oeste.
O percentual de 13% registrado na SE 3 é superior ao observado nos anos anteriores: em 2022 era de 8% e em 2023, de 6%. Dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde indicam que o Brasil tem, neste início de 2024, 364 mil casos prováveis da doença, com 40 óbitos confirmados e outros 265 em investigação.
Os dados de 2022 e 2023 dos laboratórios parceiros refletem a típica sazonalidade da dengue, com aumento da positividade entre janeiro (SE 1) e abril (SE 16). A positividade é bem definida e com pico (surtos) recorrente em abril (SE 14 a 17). Em 2022, o pico de positividade, de 31%, ocorreu na SE 16 (17 a 23 de abril) e em 2023, o auge, de 28%, na SE 17 (24 a 30 de abril). Os boletins epidemiológicos de 2022 e 2023 do Ministério da Saúde corroboram os dados dos laboratórios parceiros.
O monitoramento de arboviroses realizado com dados de laboratórios parceiros reflete uma amostragem não uniforme das unidades federativas, sem ajuste populacional em razão do baixo número total de diagnósticos. Os testes rápidos disponíveis para arboviroses podem apresentar falsos positivos devido à reatividade cruzada, o que reduz a precisão dos diagnósticos por patógenos.
O ITpS destaca a importância da análise de dados em tempo oportuno para fornecer informações que possam ajudar o poder público e as entidades médicas a acompanhar a dinâmica da epidemia e, assim, subsidiar decisões de saúde pública de acordo com o cenário observado.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que auxiliem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias.
Os trabalhos foram iniciados com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. O ITpS tem como associada mantenedora a Fundação Itaú e como associados a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes: