X
Para aumentar ou diminuir a fonte, utilize os atalhos Ctrl+ (aumentar) e Ctrl- (diminuir) no seu teclado.
FECHAR
cores originais
mais contraste
A+
pesquisa

Monitoramento da Ômicron - relatório 14

DATA DE PUBLICAÇÃO: 10.06.2022

Com dados de 123.829 testes feitos por DB Molecular e Dasa desde 1/3/22, análises do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) mostram aumento na proporção de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron, de 10,4% a 44% em 4 semanas, reflexo da rápida disseminação viral.



Desde dezembro de 2021, o ITpS tem utilizado dados de testes RT-PCR para identificar as diferentes subvariantes da Ômicron. O RT-PCR especial da Thermo Fisher funciona como um “sistema de busca”, e a falha na detecção do gene S indica a presença de certas variantes.



Numa analogia, genomas de variantes seriam como um poema que sofre pequenas modificações ao longo do tempo (exemplo acima). A falta de um pedaço dos genomas das variantes Ômicron BA.1, BA.4 e BA.5 torna possível distingui-las das demais já durante a busca feita pelo RT-PCR.Genomas da sublinhagem BA.1, BA.4 e BA.5 da Ômicron não têm os códons 69 e 70 do gene S. A falta desse fragmento faz com que testes RT-PCR Thermo Fisher falhem na detecção desse gene (SGTF, S gene target failure), porém outros são detectados (ORF1ab e N), garantindo o diagnóstico.


Genomas da sublinhagem BA.2 da Ômicron, por outro lado, apresentam os códons 69 e 70 do gene S intactos, o que leva à sua detecção (perfil SGTP, S gene target positive). Dessa forma, podemos avaliar a prevalência da BA.2 (SGTP), bem como da BA.1, BA.4 e BA.5 (SGTF).


Usando o RT-PCR especial, vimos nas últimas semanas que a prevalência de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron (perfil SGTF, em verde) vem aumentando de forma rápida, fato que explica o recente e forte aumento na positividade de testes (detalhes a seguir).



A Ômicron BA.2 chegou ao seu ápice em meados de maio (linha cinza). Desde então, a proporção de casos com perfil SGTP vem caindo rapidamente, um sinal claro do avanço das variantes BA.4 e BA.5, que foram responsáveis pela última onda de casos na África do Sul.



A Ômicron BA.1 substituiu rapidamente a Delta em dezembro de 2021 e predominou de janeiro a fevereiro. Ao longo de março e abril a BA.2 ganhou espaço, porém, o aumento de casos foi lento. Desde meados de maio, vemos o avanço das subvariantes BA.4 e BA.5.



A BA.2 atingiu seu ápice em meados de maio (entre 15 e 21/5, primeiro mapa), e hoje ela vem sendo rapidamente substituída por BA.4 e BA.5, que já tem casos prováveis em pelo menos 118 municípios de 12 estados e no DF (pontos pretos no segundo mapa).



Com dados de testes moleculares, avaliamos a positividade para covid-19 em alguns estados e por faixa etária. Os dados abaixo (semanais) mostram o cenário desde o início de março de 2022. Nas últimas duas semanas, BA.2, BA.4 e BA.5 elevaram a positividade de testes de 28,8 a 38,9% no Brasil.


Nas últimas três semanas, em razão do avanço da BA.4 e BA.5, houve forte aumento da positividade de testes em estados do Centro-Oeste, como DF, GO e MT. Hoje, em todos os estados avaliados, a positividade segue bastante elevada, variando de 29% a 38%.



Por faixa etária, aumento na taxa de positividade para covid-19 é observado em todos os grupos. Entre pessoas acima de 10 anos, as taxas alcançaram patamares elevados, entre 34% e 47%. Entre crianças de 0-4 e 5-9 anos, a positividade chegou a 14% e 22%, respectivamente.



Dentro da população amostral disponível, vemos que a Ômicron BA.2 tem hoje prevalência de 56%, mas segue em declínio, perdendo espaço para as subvariantes BA.4 e BA.5. Essas, em breve, se tornarão as principais causas da covid-19 no Brasil.


A África do Sul passou por uma onda de BA.4 e BA.5 recentemente, que teve menor proporção de casos graves e menor duração: cerca de 8 semanas. Como no Brasil, aquele país também enfrentou uma onda da BA.2 sem maiores consequências para as formas clínicas se comparada com a de BA.1.


Nesta semana, provavelmente estamos diante do pico de transmissão de BA.4 e BA.5, enquanto a BA.2 segue em declínio. Ao longo de junho e julho, devemos observar quedas de positividade e de casos, e os impactos da BA.4 e BA.5 à saúde pública tendem a ser inferiores à onda da BA.1.


O aumento no número de casos de covid-19, no entanto, acende um alerta aos mais vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e não vacinados. As próximas semanas são cruciais para ampliar a cobertura vacinal contra a covid-19 e contra a gripe. 


Todos que têm direito a doses adicionais dos imunizantes atualmente disponíveis ou que ainda não tomaram nenhuma dose devem procurar os postos de vacinação o quanto antes: o reforço vacinal é essencial para enfrentarmos o cenário epidemiológico atual e aliviar os possíveis impactos à saúde.


O ITpS agradece aos laboratórios privados de diagnóstico DB Molecular, Dasa e HLAGyn, que gentilmente disponibilizaram dados de testagem para nos ajudar a ter uma visão mais apurada do cenário atual.

VOLTAR
Instituto Todos pela Saúde (ITpS) Av. Paulista, 1.938 – 16º andar
São Paulo - SP – 01310-942