O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) analisou 575.985 testes de covid-19 feitos pelos laboratórios parceiros entre 5/12/21 e 1/10/22. A positividade para covid-19 segue baixa – 3% na última semana de setembro –, mas sublinhagens da Ômicron continuam circulando.
A evolução do coronavírus se mantém enquanto há casos positivos. Novas linhagens se estabelecem e recebem novos nomes quando infectam muitas pessoas. As variantes BA.1, BA.2, BA.4, BA.5 continuam gerando sublinhagens.
As variantes citadas acima são exemplos de Ômicron. Durante as infecções, o coronavírus SARS-CoV-2 se multiplica em nosso corpo, e erros de cópia dos genomas levam a mutações genéticas, que podem dar origem a novas linhagens do vírus (variantes).
Os genomas de BA.4 e BA.5 da Ômicron não têm os códons 69 e 70 do gene S. A falta desse fragmento faz com que testes RT-PCR Thermo Fisher falhem na detecção desse gene (SGTF, S gene target failure), porém outros são detectados (ORF1ab e N), garantindo o diagnóstico.
Genomas da subvariante BA.2 da Ômicron, por outro lado, apresentam os códons 69 e 70 do gene S intactos, o que leva à sua detecção (perfil SGTP, S gene target positive). Dessa forma, podemos avaliar a frequência da BA.2 (SGTP), bem como da BA.4 e BA.5 (SGTF).
Monitorando a proporção de casos com perfil SGTF podemos acompanhar a dinâmica das subvariantes BA.4 e BA.5, responsáveis pelo maior número de casos de covid-19 no Brasil nos últimos meses, e detectar o aparecimento de eventuais novas sublinhagens.
As análises do ITpS mostravam platô na frequência de casos prováveis de BA.4 e BA.5. Entretanto, no último mês observamos casos de uma nova sublinhagem SGTP, que no entanto não prevaleceu perante outras sublinhagens circulantes da Ômicron.
As frequências de amostras com o perfil SGTF (prováveis BA.4 e BA.5, linha verde) nas últimas semanas foram:
Variantes com esse perfil dominam o cenário das infecções desde o início de junho.
Na semana encerrada em 17/9, observamos uma oscilação atípica na frequência de amostras com perfil SGTP (linha cinza), que aumentou para cerca de 20%, porém apenas naquele período. Não sabemos ao certo quais variantes foram responsáveis por essa mudança.
A Ômicron BA.2, que predominou no Brasil até o início de junho, foi a última e principal variante com perfil SGTP a circular no país neste ano. Sublinhagens dessa variante, como BA.2.12.1 e BA.2.75, ainda circulam pelo mundo, causando surtos localizados.
A distribuição da positividade por faixas etárias (mapa de calor abaixo) evidencia duas ondas de covid-19 no país em 2022. Chama atenção que a positividade na faixa 60-69 não acompanhou a queda em outros grupos etários. Importante seguirmos vigilantes com os idosos.
Na última semana, casos prováveis de BA.4 e BA.5 foram identificados em 296 municípios (pontos pretos no mapa) de 21 estados. Os dados provêm principalmente do Sudeste, por isso vemos mais casos na região.
A positividade para covid-19 continua baixa nos estados observados, o que reforça o declínio da atual onda. Porém, em MG e no RJ a taxa foi um pouco mais alta: 8% e 5%, respectivamente, no início e na metade de setembro. Na média, a positividade não superou 4%.
Todos que têm direito a doses adicionais da vacina contra covid-19 ou que ainda não tomaram nenhuma dose devem procurar os postos de vacinação: o reforço é essencial para enfrentarmos o cenário epidemiológico atual e mitigar os eventuais impactos à saúde.
O ITpS agradece aos laboratórios privados de diagnóstico DB Molecular, Dasa e HLAGyn, que gentilmente disponibilizaram dados de testagem para nos ajudar a ter uma visão mais apurada do cenário atual.