Dengue: panorama geral | distribuição geográfica | faixa etária | sorotipos
Chikungunya: panorama geral | distribuição geográfica | faixa etária
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A positividade para o vírus da dengue (DENV) continua em queda, porém alguns estados ainda estão com altas taxas de exames positivos. Já para o vírus da chikungunya (CHIKV), a positividade aumentou 5 pontos percentuais na última semana epidemiológica (SE 22, encerrada em 31/5) e alcançou 26%. Vale lembrar que a prevenção ao mosquito Aedes aegypti é a principal forma de combate às duas doenças.
As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de mais de 805 mil exames diagnósticos realizados entre janeiro de 2022 e maio de 2025 pelos laboratórios parceiros DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target.
Nesta primeira parte, o relatório tratará especificamente da dengue. A positividade para o DENV apresentou discreto crescimento de novembro de 2024 a fevereiro de 2025, período em que chegou a patamares próximos a 10%. Em março e abril, os números aumentaram abruptamente atingindo 23% nas SE 14 e SE 15 . Em queda desde então, essa taxa atingiu 13% na SE 22.
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A positividade (porcentagem de exames positivos em relação ao total de exame de um dado período) é um indicador estratégico. Quando calculado usando dados oportunos, pode antecipar a detecção de surtos e contribuir para a tomada de decisões de saúde pública.
O gráfico a seguir utiliza duas fontes de dados: a positividade de exames (em %), obtida por meio de dados de laboratórios parceiros, e os casos de dengue estimados pelo InfoDengue. Os resultados possibilitam uma análise comparativa entre a curva de positividade e o volume de casos estimados.
É possível identificar como as tendências de aumento da positividade e de número de casos apresentam dinâmicas similares, evidenciando a confiabilidade das análises feitas pelo ITpS nos últimos anos, além da qualidade dos dados fornecidos pelos laboratórios parceiros.
-------22_DENV_line_posrate_bar_pos_direct_week_country_infodengue-------
De novembro de 2024 até o momento, o InfoDengue estima a ocorrência de 541.026 casos de dengue no Brasil, sendo 29.805 deles na última semana epidemiológica.
O ano de 2024 foi marcado por uma das piores epidemias de dengue na América Latina. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil liderou o ranking dos países mais afetados pela doença.
Esse fenômeno também se refletiu nos dados de laboratórios parceiros, que registraram em maio de 2024 (SE 20, encerrada em 17/5/2024) a maior positividade para o vírus da dengue dos últimos dois anos, alcançando 38%.
Os dados abaixo, estratificados entre resultados positivos (vermelho) e negativos (azul) ao longo dos últimos 12 meses, mostram que a demanda por exames para dengue nas últimas semanas epidemiológicas ainda é baixa se comparada ao mesmo período do ano anterior. Além disso, é possível perceber que a demanda por exames está em queda, assim como a positividade.
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Os dados apresentados neste relatório provêm majoritariamente de laboratórios da rede privada, com atuação principalmente nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. O gráfico abaixo apresenta o percentual de exames mensais para dengue realizados nas diferentes regiões.
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No mês de maio, o maior percentual de exames realizados para a detecção da dengue nos laboratórios parceiros envolveu amostras da Região Sudeste, seguida do Sul e do Centro-Oeste.
O ITpS continua trabalhando para expandir o volume de resultados de exames para arbovírus de forma que as análises possam alcançar uma melhor distribuição geográfica. Neste momento, os dados apresentados são, em sua maioria, de diagnósticos para dengue, em especial exames de antígeno (NS1) e PCR. Dados de exames para outros vírus estão disponíveis em menor escala (vide seções abaixo).
O gráfico abaixo apresenta a positividade para dengue em diferentes estados brasileiros. Apesar do cenário geral ser de queda no número de exames positivos, alguns deles permanecem com altas taxas de positividade (>10%).
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Entre os estados com dados suficientes para análises individuais, o Rio Grande do Sul é o estado que tem a positividade mais alta, 21%. Em seguida estão Minas Gerais (16%), São Paulo (14%), Paraná (13%), Santa Catarina (10%), Goiás (10%) e Mato Grosso (8%). No Distrito Federal, o percentual está abaixo de 2%.
Os dados das Regiões Norte e Nordeste ainda são escassos. Por isso, o ITpS segue em busca de novos parceiros. Interessados em colaborar com esta iniciativa podem entrar em contato com o instituto pelo e-mail comunicacao@itps.org.br.
Outra forma de visualizar os dados é por meio de mapas. Abaixo, é possível verificar a distribuição geográfica dos exames positivos para o vírus da dengue em estados e municípios brasileiros. Os números mostrados são cumulativos desde 3/11/2024, quando nossos dados apontaram o início do aumento da positividade.
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Desde novembro, início do atual ciclo sazonal, os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os que apresentaram, cumulativamente, o maior número de exames positivos de dengue nos sete laboratórios parceiros.
Infecções pelo vírus da dengue afetam todas as faixas etárias. Os gráficos abaixo apresentam a positividade (com exames de antígeno e PCR) nas faixas etárias de 0 a 80+ anos.
A positividade para dengue aumentou a partir de novembro de 2024, atingindo maior taxa em abril 2025, o que é evidenciado abaixo pelas mudanças nos tons de azul para tons de amarelo e laranja. A faixa etária com maior positividade na SE 22 é a de 60-69 anos (20%), seguida pela de 70-79 anos (18%).
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Entre os meses de dezembro de 2024 a maio deste ano, os laboratórios parceiros detectaram mais de 17.140 infecções pelo vírus da dengue por exames de PCR e antígeno. De dezembro a maio, é possível observar aumentos de casos em todas as faixas etárias.
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Segundo dados da Fiocruz, em 2025, o sorotipo 2 é o com maior circulação no país, seguido pelos sorotipos 3 e 1. Entre os estados com alta taxa de exames positivos, o Rio Grande Sul tem predomínio do sorotipo 1; em Minas Gerais e São Paulo, o sorotipo 2 é o mais frequente.
A partir deste ponto, o relatório traz indicadores relativos ao vírus da chikungunya (CHIKV). Diferentemente dos anos anteriores, em 2025, a positividade para o CHIKV começou em alta, com 28% (SE 01, encerrada em 4/1). O percentual continuou subindo até 35% (SE 06, encerrada em 8/2) – o mais alto para o primeiro trimestre dos últimos três anos (linha verde escura). A partir de então, a positividade entrou em queda, seguida de oscilações no percentual. O número de exames positivos para o CHIKV voltou a subir e atingiu 26% na SE 22 (encerrada em 31/5).
-------14_CHIKV_line_posrate_direct+indirect_week_country_years-------
A série histórica a seguir foi construída com dados dos laboratórios parceiros (positividade, em %) e os casos estimados de chikungunya pelo InfoDengue. Os dados do gráfico abaixo apontam a correlação entre as tendências de aumento e diminuição da positividade e o número de casos estimados.
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A demanda por exames para chikungunya nos laboratórios parceiros é menor quando comparada ao mesmo período do ano anterior, apesar da alta positividade desde dezembro de 2024, o que indica aumentos na transmissão viral em diferentes regiões do país.
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Em relação à detecção do vírus da chikungunya neste universo amostral, nos últimos meses analisados, a Região Sudeste (34%) foi a que apresentou o maior percentual de exames realizados, seguida pelo Centro-Oeste (32%) e Nordeste (14%).
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O gráfico abaixo mostra a distribuição de exames positivos (PCR e IgM) para chikungunya desde 24/11/2024, quando a positividade começou a subir. Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais apresentam, respectivamente, os maiores números de casos cumulativos registrados por laboratórios parceiros.
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Como citamos anteriormente, os dados apresentados acima não cobrem todas as regiões de maneira equitativa e, apesar das limitações amostrais, as análises espaciais evidenciam algumas das localidades mais afetadas por infecções pelo vírus chikungunya.
Entre dezembro de 2024 a maio deste ano, os laboratórios parceiros detectaram mais de 4.220 infecções pelo vírus da chikungunya por exames de PCR e antígeno. Em maio, a faixa etária com maior número de casos foi a de 60-69 anos.
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Entre os dados analisados também há resultados de exames que detectam outros arbovírus em circulação, como o vírus da Zika, Oropouche, febre amarela e Mayaro. Abaixo está o número de exames positivos (por PCR, antígeno ou IgM) para esses vírus, por faixa etária, ao longo dos últimos meses. Mesmo com poucos casos é importante salientar que o vírus da Zika continua circulando em território nacional, embora em baixa proporção.
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Este relatório e a Nota Informativa Nº 3/2025, do Ministério da Saúde, alertam para o risco de infecção por dengue e chikungunya. Previsão feita pelo ministério, por modelagem, aponta maior incidência de dengue em 2025 em relação a 2024 para alguns estados brasileiros.
Fique atento às recomendações do Guia de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroses, plano elaborado pelo Ministério da Saúde para o enfrentamento do período sazonal de 2024/2025, com o objetivo de combater dengue e outras arboviroses no Brasil.
Dengue e chikungunya são doenças vetoriais transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (A. aegypti e A. albopictus). Neste momento, apesar do recente lançamento da campanha de vacinação contra a dengue, a principal forma de controle ainda é o combate ao vetor.
Para isso, é preciso eliminar os criadouros, removendo recipientes que acumulam água, tanto antes quanto durante o período de surtos. Fique atento dentro e fora da sua casa, verifique locais que podem ser foco dos mosquitos e, se necessário, comunique à vigilância da sua cidade sobre terrenos baldios que possam conter criadouros.
Quando disponível, pessoas elegíveis devem se vacinar contra a dengue, conforme orientações do Ministério da Saúde. A vacinação e o controle vetorial são fundamentais para prevenir e proteger sua saúde.
O ITpS agradece aos laboratórios parceiros, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Sabin e Target, que gentilmente fornecem dados de diagnóstico para compreender o cenário epidemiológico da dengue, chikungunya e outras arboviroses.