Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com o nosso Termo de Uso e Aviso de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.
OK
X
Para aumentar ou diminuir a fonte, utilize os atalhos Ctrl+ (aumentar) e Ctrl- (diminuir) no seu teclado.
FECHAR
cores originais
mais contraste
A+
pesquisa

Monitoramento de arboviroses - relatório 14

DATA DE PUBLICAÇÃO: 07.10.2025

Dengue: casos e óbitos | sorotipos | positividade | faixa etária


Chikungunya: panorama geral | faixa etária


Outras arboviroses | Mensagens finais


Este relatório do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) apresenta um panorama da situação das arboviroses no Brasil, com foco em dengue e chikungunya. As análises detalham os números de casos e a positividade dos vírus, a distribuição dos casos por faixa etária, região e sorotipo, entre outras métricas. O documento também aborda a circulação de outros arbovírus e reforça a importância das medidas de prevenção e controle.


As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de mais de 1 milhão de exames diagnósticos realizados entre janeiro de 2022 e setembro de 2025 pelos laboratórios parceiros DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target, bem como dados do setor público (DataSUS e InfoDengue).


1. Panorama da dengue nos últimos anos


1.1 Distribuição dos casos e óbitos por região de saúde (2023-2025)


Com o arrefecimento dos surtos de 2025, podemos agora fazer análises comparativas dos últimos períodos sazonais. Abaixo, temos a distribuição espacial da incidência (casos por 100 mil habitantes) e da mortalidade por dengue (óbitos por 100 mil habitantes) nas diferentes regiões de saúde de todos os estados brasileiros entre 2023 e 2025.


O mapa em destaque (bivariado) traz as duas variáveis em conjunto: incidência (em tons de azul) e óbitos (em tons de laranja) para o ano de 2023. Na parte inferior, os mapas menores apresentam uma visão geral da incidência e de óbitos separadamente, ano a ano.


-------MAP_BIVARIATE_DENV_2023-------


Na visualização espacial acima, buscamos identificar quais localidades foram mais impactadas nos últimos anos, ou seja, quais reportaram maiores números relativos de casos e mortes. Estas são representadas acima em tons de cinza escuro, indicando alta incidência (mais de 5 mil casos por 100 mil habitantes) e alta mortalidade (mais de duas mortes por 100 mil habitantes). Regiões com tons laranja-amarronzado tiveram desproporcionalmente mais óbitos que o esperado para o número de casos. De forma inversa, aquelas em tons de azul tiveram desproporcionalmente menos óbitos que o esperado para o número de casos reportados.


Em 2023, cerca de 1.508.653 casos e 1.096 óbitos por dengue foram notificados. Os municípios do Centro-Sul do país foram particularmente mais afetados. Como destaques, estão regiões do Oeste de Minas Gerais (João Pinheiro, Patrocínio-Monte Carmelo, Passos, Piumhi, entre outras); do Sudoeste de São Paulo (Noroeste da DR3 e localidades entre Alta Paulista e Alto Capivari); e do Leste do Paraná (Londrina e Foz do Iguaçu, entre outras). Todas essas regiões tiveram altas taxas de casos e óbitos em 2023.


Impulsionado pelo fenômeno El Ninõ, o ano de 2024 teve recordes de casos e óbitos por dengue no Brasil. Foram registrados números cerca de seis vezes maiores que em 2023: 6.434.137 de casos e 6.270 óbitos. Localidades de Norte a Sul foram fortemente afetadas. Das 439 regiões de saúde avaliadas, 108 (24%) apresentaram altas taxas de incidência (mais de 5 mil casos por 100 mil habitantes) e mortalidade (mais de 2 óbitos por 100 mil habitantes).


-------MAP_BIVARIATE_DENV_2024-------


Entre essas 108 regiões mais afetadas, 90 (83%) estão localizadas nos seguintes estados: Bahia (com destaque para Guanambi e Vitória da Conquista); Goiás (7 regiões afetadas); Distrito Federal (onde foi registrada a maior mortalidade do ano), Minas Gerais (47 regiões, em particular no Centro do estado); Rio de Janeiro (1 região no Médio Parnaíba); São Paulo (21 regiões por todo o estado); Paraná (5 regiões entre Francisco Beltrão e Jacarezinho), Santa Catarina (4 regiões entre Nordeste do estado e o Vale do Itajaí) e Rio Grande do Sul (3 regiões do Noroeste do estado).


Após os registros recordes de dengue em 2024, o ano corrente (2025) apresentou números menores de notificações. Até a data de conclusão deste relatório, este ano registrava 1 milhão e meio de casos, e pouco mais de 1.400 óbitos. Estes números ainda não estão consolidados: alguns casos e óbitos podem estar em investigação e mais confirmações poderão surgir nos próximos meses.


-------MAP_BIVARIATE_DENV_2025-------


Em contraste com 2024, onde 108 regiões de saúde apresentaram elevadas taxas de casos e óbitos, até o momento, apenas 15 regiões registraram mais de 5 mil casos por 100 mil habitantes e mais de 2 óbitos por 100 mil habitantes. São elas: a região de Frutal-Iturama em Minas Gerais e 14 regiões de São Paulo, em especial no Noroeste e Sudoeste do estado. Estas regiões estão destacadas em tons de cinza escuro no mapa acima.


1.2 Distribuição dos casos por sorotipo e por estado (2023-2025)


O vírus da dengue (DENV) possui quatro sorotipos, que circulam e causam surtos de forma independente. A imagem abaixo apresenta o panorama dos sorotipos mais comuns em cada estado, por ano (em 2023, 2024 e 2025). No treemap interativo, quanto maior um retângulo, maior a incidência no estado e maior a prevalência de um sorotipo.









Clicando em "Ano 2023" você verá como foi o panorama daquele ano. O sorotipo 1 foi o mais prevalente no país em 2023, respondendo por cerca de 79% dos casos, em especial nos estados com maior incidência, como MG, MS, SC e PR, onde mais de 96% dos casos foram causados por DENV-1. O sorotipo 2 veio em seguida, sendo responsável por cerca de 21% dos casos, e o mais comum no DF e em outros 7 estados: RO, AC, AM, BA, PB, SE, e RN.


Clicando em "Ano 2024" você verá no Treemap como foi o panorama daquele ano de registros recordes. O sorotipo 1 seguiu sendo o mais prevalente no país, sendo observado em pouco mais da metade dos casos registrados (54%), em especial nos estados com alta incidência, como MG, MS, SC e PR, onde mais de 96% dos casos foram causados por DENV-1.


O sorotipo 2 veio em seguida, sendo responsável por cerca de 21% dos casos. DENV-2 foi particularmente prevalente no DF, localidade que registrou as maiores taxas de incidência (7.418 casos por óbitos por 100 mil habitantes) e mortalidade em 2024 (16,2 óbitos por 100 mil habitantes). Observamos também naquele ano o aumento da prevalência do sorotipo 3, que saiu de meros 0,3% em 2023 para ser responsável por cerca de 2,3% dos casos de dengue em 2024.


Clicando em "Ano 2025" você verá como foi o panorama dos sorotipos neste ano. Vimos a ascensão do sorotipo 2, responsável por mais de 65% dos casos, em especial nos estados com maior incidência, como SP (71%), GO (82%) e PR (79%). Chama atenção também o aumento expressivo na prevalência do sorotipo 3, que tem sido a causa de, pelo menos, 11% dos casos de dengue neste ano, em especial em São Paulo, responsável por 23% dos casos. 


Após estes anos de mudanças importantes na prevalência dos diferentes sorotipos, será essencial atenção ao cenário da dengue em 2026. O sorotipo 3, que há anos era pouco observado entre os casos reportados, segue aumentando em frequência desde 2023. É importante que o acompanhamento utilize dados de sorotipagem e sequenciamento, além da trajetória e os impactos deste sorotipo na saúde pública no próximo ano.


1.3 A positividade de exames de dengue nos últimos anos


O ano de 2025 começou de forma bem diferente do ano anterior em relação à positividade para o DENV, segundo dados de laboratórios parceiros. Em 2024, na Semana Epidemiológica 1 (SE1, encerrada em 6/1), 30% dos resultados haviam sido positivos e em 2025, no mesmo período (SE 1, encerrada em 4/1), o percentual foi de 10%. 


Na SE 20 de 2024 (encerrada em 17/5) houve o pico do número de casos de dengue, e a taxa de testes positivos ultrapassou 37%. Em 2025, o pico do número de casos ocorreu antes, na SE 14 (encerrada em 5/4), com 23% de positividade. Atualmente, essa taxa é de 1% de testes positivos, número similar ao mesmo período do ano anterior.


-------01_DENV_line_posrate_direct_week_country_years-------


A positividade (porcentagem de exames positivos em relação ao total de exame de um dado período) é um indicador estratégico. Quando calculado usando dados oportunos, pode antecipar a detecção de surtos e contribuir para a tomada de decisões de saúde pública.


O gráfico a seguir utiliza duas fontes de dados: a positividade de exames (em %), obtida por meio de dados de laboratórios parceiros, e os casos de dengue estimados pelo InfoDengue. Os resultados possibilitam uma análise comparativa entre a curva de positividade e o volume de casos estimados.


É possível identificar como as tendências de aumento da positividade e de número de casos apresentam dinâmicas similares, evidenciando a confiabilidade das análises feitas pelo ITpS nos últimos anos, além da qualidade dos dados fornecidos pelos laboratórios parceiros.


-------22_DENV_line_posrate_bar_pos_direct_week_country_infodengue-------


O ano de 2024 foi marcado por uma das piores epidemias de dengue na América Latina. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil liderou o ranking dos países mais afetados pela doença.


Esse fenômeno também se refletiu nos dados de laboratórios parceiros, que registraram na SE 20, em maio de 2024, a maior positividade para o vírus da dengue dos últimos dois anos, alcançando 38%.


Os dados abaixo, estratificados entre resultados positivos (vermelho) e negativos (azul), e a positividade (linha amarela), abrangem o período de janeiro de 2022 a setembro de 2025. O ano de 2024 se destaca dos anos anteriores e do atual pela alta demanda de testes e pela elevada positividade em laboratórios parceiros.


-------02_DENV_line_bar_posrate_posneg_direct_week_country-------


1.4 Distribuição dos exames positivos para dengue por faixa etária


Infecções pelo vírus da dengue afetam todas as faixas etárias. Os gráficos abaixo apresentam a positividade (com exames de PCR e antígeno) nas faixas etárias de 0 a mais de 80 anos, entre 2022 e 2025. Como observado, a ocorrência dos casos se concentra, principalmente, no primeiro e no segundo trimestre e atinge mais a faixa etária de 30 a 49 anos.


-------18_DENV_barH_pos_agegroups_quarter_country-------


2. Panorama da chikungunya nos últimos anos


A partir deste ponto, o relatório traz indicadores relativos ao vírus da chikungunya (CHIKV), que também apresentou grande número de casos em 2024. A taxa de testes positivos entre a SE 21 (encerrada em 25/05) e a SE 28 (encerrada em 13/07) ficou acima de 35%, com pico de 39% na SE 25 (encerrada em 22/6). O pico neste ano (2025), até o momento, foi em fevereiro, na SE 6 (encerrada em 8/2), com 35% de positividade. 


-------14_CHIKV_line_posrate_direct+indirect_week_country_years-------


A série histórica a seguir foi construída com dados dos laboratórios parceiros (positividade, em %) e os casos estimados de chikungunya pelo InfoDengue. O gráfico abaixo aponta a correlação entre as tendências de aumento e diminuição da positividade e o número de casos estimados.


-------23_CHIKV_line_posrate_bar_pos_direct_week_country_infodengue-------


A positividade para o CHIKV apresenta grandes oscilações ao longo dos anos, muito em função da baixa demanda por exames para chikungunya. Em 2025, a demanda por exames foi maior do que nos anos de 2022 e 2023, porém bem menor do que em 2024.


-------15_CHIKV_line_bar_posrate_posneg_direct+indirect_week_country-------


2.1 Distribuição dos exames positivos para chikungunya por faixa etária


Infecções pelo vírus da chikungunya afetam pessoas de todas as idades. Os gráficos abaixo apresentam a positividade (confirmada por exames de PCR e IgM) nas faixas etárias de 0 a mais de 80 anos, entre 2022 e 2025. Em 2022 e 2023, houve uma distribuição da ocorrência de casos ao longo dos trimestres do ano. A partir de 2024, porém, observa-se uma maior concentração no primeiro e no segundo trimestre.


-------19_CHIKV_barH_pos_agegroups_quarter_country-------


3. Outras arboviroses


Entre os dados analisados também há resultados de exames que detectam outros arbovírus em circulação, como o vírus da Zika, Oropouche, febre amarela e Mayaro. Abaixo está o número de exames positivos (por PCR, antígeno ou IgM) para esses vírus, por faixa etária, ao longo dos últimos meses. Mesmo com poucos casos, é importante salientar que o vírus da Zika continua circulando em território nacional, embora em baixa prevalência.


-------20_Arbo_barH_pos_agegroups_quarter_country-------


4. Mensagens finais


A dengue é uma doença sazonal e nos próximos meses já se espera um aumento no número de casos. Por isso, é fundamental estar atento às recomendações do Guia de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroses. Este plano, elaborado pelo Ministério da Saúde, foi criado para o enfrentamento do período sazonal de 2024/2025, mas suas ações continuam válidas para o combate à dengue e outras arboviroses em todo o Brasil.


Dengue e chikungunya são doenças vetoriais transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (A. aegypti e A. albopictus). Neste momento, apesar do recente lançamento da campanha de vacinação contra a dengue, a principal forma de controle ainda é o combate ao vetor.


Para isso, é preciso eliminar os criadouros, removendo recipientes que acumulam água, tanto antes quanto durante o período de surtos. Fique atento dentro e fora da sua casa, verifique locais que podem ser foco dos mosquitos e, se necessário, comunique à vigilância da sua cidade sobre terrenos baldios que possam conter criadouros.


Quando disponível, pessoas elegíveis devem se vacinar contra a dengue, conforme orientações do Ministério da Saúde. A vacinação e o controle vetorial são fundamentais para prevenir e proteger sua saúde.


O ITpS agradece aos laboratórios parceiros, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Sabin e Target, que gentilmente fornecem dados de diagnóstico para compreender o cenário epidemiológico da dengue, chikungunya e outras arboviroses.

VOLTAR
Instituto Todos pela Saúde (ITpS) Av. Paulista, 1.938 – 16º andar
São Paulo - SP – 01310-942

Termo de Uso e Aviso de Privacidade