Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com o nosso Termo de Uso e Aviso de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.
OK
X
Para aumentar ou diminuir a fonte, utilize os atalhos Ctrl+ (aumentar) e Ctrl- (diminuir) no seu teclado.
FECHAR
cores originais
mais contraste
A+
pesquisa

Monitoramento de arboviroses - relatório 7

DATA DE PUBLICAÇÃO: 10.01.2025

A positividade para os vírus da dengue e da chikungunya apresentam aumento contínuo desde novembro de 2024. As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com mais de 773 mil exames diagnósticos realizados entre janeiro de 2022 a janeiro de 2025 pelos laboratórios parceiros DB Molecular, Fleury, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target.


-------01_DENV_line_posrate_direct_week_country_years-------


Em novembro, a positividade para o vírus da dengue (DENV) estava na faixa dos 2%. Na primeira Semana Epidemiológica (SE) de 2025 (SE01, encerrada em 4/1/25), o percentual atingiu 9% (vide primeiro ponto de 2025, em azul escuro), valor bastante inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior (30%). Apesar da diferença, observa-se um aumento crescente na proporção de exames positivos e, por isso, é preciso acompanhar o cenário com atenção.


O ano de 2024 foi marcado por uma das piores epidemias de dengue na América Latina. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil liderou o ranking dos países mais afetados pela doença.


Esse fenômeno também se refletiu nos dados de laboratórios parceiros, que registraram em maio/2024 (SE20) a maior positividade para dengue dos últimos dois anos, alcançando o patamar de 38%.


-------14_CHIKV_line_posrate_direct+indirect_week_country_years-------


Assim como no caso da dengue, a positividade para o vírus da chikungunya (CHIKV) também aumentou nas últimas semanas. Na SE01, 28% dos exames realizados pelos laboratórios parceiros retornaram positivos: foi a maior taxa para o período nos últimos três anos.


1. Nuances inerentes a exame de diagnóstico de dengue


A detecção do vírus da dengue em exames diagnósticos depende do período de coleta da amostra. O guia Dengue: Diagnóstico e Manejo Clínico, do Ministério da Saúde, recomenda que as amostras sejam coletadas até o quinto dia após início de sintomas (ápice da infecção) para exames RT-PCR, antígeno (NS1) ou isolamento viral.


Exames em períodos tardios falham na detecção do vírus, logo, um teste negativo não atesta, necessariamente, a ausência de infecção recente (i.e podem gerar resultados falso-negativos). A partir do sexto dia, como sugerido no guia acima, a opção são exames sorológicos (que detectam anticorpos, como o IgM).


Considerando essas nuances do diagnóstico, o número oficial de infecções pelo vírus da dengue, tanto no setor público quanto no privado, é certamente inferior ao número real. Mesmo com baixo número de exames e subnotificações, o alto número de infecções ocorridas em 2024 foi notório, fato que suscita atenção para os surtos/epidemias em 2025.


2. Origem e volume de dados de dignóstico


Os dados apresentados neste relatório provêm majoritariamente de laboratórios da rede privada, com atuação principalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. O gráfico abaixo apresenta o número total de exames realizados nas diferentes regiões do país.


-------03_DENV_bar_total_direct_weeks_regions-------


Na SE01, o maior número de exames realizados para a detecção da dengue nos laboratórios parceiros envolveu amostras da Região Sudeste, seguida das Regiões Centro-Oeste e Sul.


Em relação à detecção do vírus da chikungunya (SE01), a Região Centro-Oeste foi a que apresentou o maior número de exames realizados, seguida pelas Regiões Sudeste e Sul.


-------16_CHIKV_bar_total_direct+indirect_weeks_regions-------


O ITpS continua trabalhando para expandir o volume de resultados de exames para arbovírus de forma que as análises possam alcançar uma melhor distribuição geográfica. Neste momento, os dados apresentados são, em sua maioria, de diagnósticos para dengue, em especial exames de antígeno (NS1) e PCR. Dados de exames para outros vírus estão disponíveis em menor escala.


Os dados abaixo, estratificados entre resultados positivos (vermelho) e negativos (azul) ao longo dos últimos 12 meses, mostram que a demanda por exames para dengue nas últimas semanas ainda é baixa, apesar do aumento recente da positividade.


-------02_DENV_line_bar_posrate_posneg_direct_week_country-------


Padrão semelhante é observado nos exames para chikungunya, que, apesar da baixa demanda, vem apresentando aumentos contínuos de positividade desde dezembro/2024, o que indica crescimento na transmissão viral.


------15_CHIKV_line_bar_posrate_posneg_direct+indirect_week_country-------


A incidência (número de casos por 100 mil habitantes) é amplamente reconhecida como um indicador fundamental  para o monitoramento de surtos e epidemias. No caso das arboviroses, permite identificar tendências e variações sazonais, considerando toda a população local.


Outro indicador estratégico é a positividade (porcentagem de exames positivos em relação ao total,  em um determinado período). Quando utiliza dados oportunos no cálculo, este indicador antecipa a detecção do início de surtos e contribui para a tomada de decisões de saúde pública.


3. Surtos de dengue em diferentes regiões e estados


Há diferenças na positividade entre os estados e, de maneira geral, o indicador é neste momento menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.


-------04_DENV_line_posrate_direct_weeks_states-------


No Distrito Federal, a positividade na SE01 deste ano foi 1% ante 48% na mesma semana de 2024. Em Goiás, houve um aumento significativo da taxa de positivos na virada do ano, de 4% para 15%.

Em Minas Gerais, na SE51 de 2024, 9% dos exames foram positivos, número similar ao mesmo período do ano anterior (8%). No estado de São Paulo, a positividade  atingiu 13% na primeira semana de 2025 – a mesma taxa do ano passado – e está em ascensão.


Na Região Sul, os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina tiveram baixas taxas de exames positivos de dengue na SE01 de 2025, 1% e 0% respectivamente. Já no Paraná, a positividade no período esteve mais elevada: 11%.


Os dados dos estados do Norte e do Nordeste ainda são escassos, e o ITpS segue em busca de parceiros nessas regiões. Interessados em colaborar com esta iniciativa podem entrar em contato com o instituto pelo email: comunicacao@itps.org.br.


4. Distribuição geográfica dos exames positivos para dengue e chikungunya


Outra forma de visualizar os dados é por meio de mapas. Abaixo, é possível ver a distribuição dos exames positivos para o vírus da dengue  em estados e municípios. Os números mostrados são cumulativos, desde 3/11/2024, quando os dados apontaram o início dos aumentos contínuos na positividade.


-------11_DENV_map_pos_direct-------


De lá para cá, os estados de SP, PR e MG foram os que apresentaram, cumulativamente, o maior número de casos de dengue desde o início deste novo ciclo sazonal.


Abaixo está a distribuição de exames positivos (PCR e IgM) para chikungunya desde 24/11/24, quando a positividade começou a subir. Mato Grosso, seguido por SP e MG, apresentam os maiores números de casos cumulativos até então.


-------12_CHIKV_map_pos_direct+indirect-------


Os dados apresentados acima não cobrem todas as regiões de maneira equitativa e, apesar das limitações, as análises espaciais acima evidenciam as localidades onde infecções por esses vírus são observadas. O ITpS continua incluindo novos parceiros no monitoramento para, assim, capturar melhor o cenário do país.


5. Distribuição dos exames positivos por faixa etária


Infecções pelo vírus da dengue afetam todas as faixas etárias. Os gráficos abaixo apresentam a positividade (com exames de antígeno e PCR) nas faixas etárias de 0 a 80+ anos.


Como já ilustrado nas seções anteriores, a positividade para dengue está aumentando desde novembro/2024, o que é evidenciado abaixo pelas mudanças de tons de azul escuro para claro. A faixa etária com maior positividade é a de 60-69 anos (14%), seguida pelas de 50-59 (12%) e de 40-49 anos (11%).


-------06_DENV_heat_posrate_agegroups_week_country-------


Entre os meses de julho a dezembro, os laboratórios parceiros detectaram mais de 2.960 infecções pelo vírus da dengue (por PCR e antígeno). De novembro a dezembro é possível perceber um aumento dos casos em todas as faixas etárias.


-------07_DENV_barH_pos_agegroups_month_country-------


Entre os dados analisados também há resultados de exames que detectam outros arbovírus em circulação, como os vírus da Zika, chikungunya, oropouche, febre amarela e mayaro. Abaixo está o número de exames positivos (PCR, antígeno e IgM) para esses vírus, por faixa etária, ao longo dos últimos meses.Nota-se o aumento do número de casos de chikungunya de novembro a dezembro de 2024.


-------08_Arbo_barH_pos_agegroups_month_country-------


6. Mensagens finais


Este relatório e a Nota Informativa Nº 3/2025, do Ministério da Saúde, alertam para o aumento de casos de dengue e chikungunya.  Previsão feita pelo ministério, por modelagem, aponta maior incidência de dengue em 2025 em relação a 2024 para alguns estados brasileiros. 


Fique atento às recomendações do Guia de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroses, plano elaborado pelo Ministério da Saúde para o enfrentamento do período sazonal de 2024/2025, com o objetivo de combater dengue e outras arboviroses no Brasil.


Dengue e chikungunya são doenças vetoriais transmitidas por mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus. Neste momento, apesar do recente lançamento da campanha de vacinação contra a dengue, a principal forma de controle ainda é o combate ao vetor.


Para isso, é preciso eliminar os criadouros, removendo recipientes que acumulam água, tanto antes quanto durante o período de surtos. Fique atento dentro e fora da sua casa, verifique locais que podem ser foco dos mosquitos e, se necessário, comunique a vigilância da sua cidade sobre terrenos baldios que possam conter criadouros.


Quando disponível, pessoas elegíveis devem se vacinar contra a dengue, conforme orientações do Ministério da Saúde. A vacinação e o controle vetorial são fundamentais para prevenir e proteger sua saúde.


O ITpS agradece aos laboratórios parceiros, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn, Sabin e Target, que gentilmente fornecem dados de diagnóstico para compreender o cenário epidemiológico da dengue, chikungunya e outras arboviroses.

VOLTAR
Instituto Todos pela Saúde (ITpS) Av. Paulista, 1.938 – 16º andar
São Paulo - SP – 01310-942

Termo de Uso e Aviso de Privacidade