A positividade para o vírus da chikungunya (CHIKV) atingiu o patamar mais elevado dos últimos três anos para o mês de fevereiro, enquanto a taxa de positivos para o vírus da dengue (DENV) apresentou estabilidade. As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de mais de 788 mil exames diagnósticos realizados entre janeiro de 2022 e janeiro de 2025 pelos laboratórios parceiros DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target.
Diferentemente dos anos anteriores, a positividade para o vírus da chikungunya começou 2025 em alta, com 28% (SE01, encerrada em 4/1/2025). O percentual de exames positivos continuou subindo nas semanas seguintes e está em 36% (SE06, encerrada em 8/2/2025). O percentual é o mais alto do primeiro trimestre dos últimos três anos.
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A positividade (porcentagem de exames positivos em relação ao total de exame de um dado período) é um indicador estratégico. Quando calculado usando dados oportunos, pode antecipar a detecção de surtos e contribuir para a tomada de decisões de saúde pública.
A série histórica a seguir foi construída com dados dos laboratórios parceiros (positividade, em %) e os casos de chikungunya estimados pelo InfoDengue. De forma similar ao observado para dengue, há correlação entre as tendências de aumento e diminuição da positividade e o número de casos estimados.
O Infodengue estima a ocorrência de ao menos 13.307 casos de chikungunya entre novembro de 2024 e a SE06, sendo 3.962 deles apenas na última semana.
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A demanda por testes para chikungunya é menor quando comparada ao mesmo período do ano anterior, apesar da alta positividade desde dezembro de 2024, indicando aumento nas taxas de transmissão viral em diferentes regiões do país.
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Em relação à detecção do vírus da chikungunya neste universo amostral, nas últimas semanas analisadas, a Região Centro-Oeste foi a que apresentou o maior percentual de exames realizados, seguida pelas Regiões Sudeste e Nordeste.
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O gráfico abaixo apresenta a distribuição de exames positivos (PCR e IgM) para chikungunya desde 24/11/2024, quando a positividade começou a subir. Mato Grosso, seguido por São Paulo e Espírito Santo, apresentam até então os maiores números de casos cumulativos registrados por laboratórios parceiros.
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Como ilustramos anteriormente, os dados apresentados acima não cobrem todas as regiões de maneira equitativa e, apesar das limitações, as análises espaciais evidenciam algumas das localidades onde infecções por esse vírus são observadas.
A partir deste ponto, o relatório de monitoramento passa a tratar especificamente da dengue. A positividade para o DENV começou a apresentar aumento progressivo em novembro do ano passado. Nas últimas semanas analisadas, o percentual vem se mantendo na faixa de ~10%, o que indica estabilidade. O patamar é inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, no entanto, é preciso acompanhar o cenário com atenção.
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O gráfico a seguir utiliza duas fontes de dados: a positividade de exames (em %), obtida com dados de laboratórios parceiros, e os casos de dengue estimados pelo InfoDengue. Os resultados possibilitam uma análise comparativa entre a curva de positividade e o volume de casos estimados.
É possível identificar como as tendências de aumento da positividade e de número de casos apresentam dinâmicas similares, evidenciando a confiabilidade das análises feitas pelo ITpS nos últimos anos, além da qualidade dos dados fornecidos pelos laboratórios parceiros.
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De novembro de 2024 até o momento, o InfoDengue estima a ocorrência de 138.452 casos de dengue no Brasil, com a estimativa de que 24.333 deles foram diagnosticados na última semana epidemiológica (SE06, encerrada em 8/2/2025).
O ano de 2024 foi marcado por uma das piores epidemias de dengue na América Latina. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil liderou o ranking dos países mais afetados pela doença.
Esse fenômeno também se refletiu nos dados de laboratórios parceiros, que registraram em maio de 2024 (SE20, encerrada em 17/5/2024) a maior positividade para o vírus da dengue dos últimos dois anos, alcançando o patamar de 38%.
Os dados abaixo, estratificados entre resultados positivos (vermelho) e negativos (azul) ao longo dos últimos 12 meses, mostram que a demanda por exames para dengue nas últimas semanas epidemiológicas ainda é baixa comparada ao mesmo período do ano anterior. A positividade, no entanto, vem aumentando de forma gradual, em consonância com o aumento de resultados positivos para o vírus.
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Os dados apresentados neste relatório provêm majoritariamente de laboratórios da rede privada, com atuação principalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. O gráfico abaixo apresenta o percentual de exames para dengue realizados nas diferentes regiões.
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Na SE06, o maior percentual de exames realizados para a detecção da dengue nos laboratórios parceiros envolveu amostras da Região Sudeste, seguida das Regiões Centro-Oeste e Sul.
O ITpS continua trabalhando para expandir o volume de resultados de exames para arbovírus de forma que as análises possam alcançar uma melhor distribuição geográfica. Neste momento, os dados apresentados são, em sua maioria, de diagnósticos para dengue, em especial exames de antígeno (NS1) e PCR. Dados de exames para outros vírus estão disponíveis em menor escala.
O gráfico abaixo apresenta a positividade para dengue em diferentes estados brasileiros. Esse indicador vem aumentando em alguns estados, porém, de maneira geral, está neste momento em patamares inferiores aos registrados no mesmo período do ano passado.
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Entre os estados com dados suficientes para análises individuais, Minas Gerais é o que tem a positividade mais alta, 31,5% – no fim de 2024, o percentual era de 9,5%. Depois de Minas está Goiás, com 17,6%, dois pontos percentuais a mais do que no término do ano passado. Em São Paulo, a positividade é de 11,5% e no Paraná, de 9,5%. Nos demais estados, os percentuais estão abaixo de 5%.
Os dados das Regiões Norte e Nordeste ainda são escassos. Por isso, o ITpS segue em busca de parceiros nessas regiões. Interessados em colaborar com esta iniciativa podem entrar em contato com o instituto pelo e-mail: comunicacao@itps.org.br.
Outra forma de visualizar os dados é por meio de mapas. Abaixo, é possível verificar a distribuição dos exames positivos para o vírus da dengue em estados e municípios. Os números mostrados são cumulativos desde 3/11/2024, quando nossos dados apontaram o início dos aumentos contínuos na positividade.
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Desde novembro, os estados de SP, MG e GO foram os que apresentaram, cumulativamente, o maior número de casos de dengue registrados por laboratórios parceiros desde o início deste novo ciclo sazonal.
Infecções pelo vírus da dengue afetam todas as faixas etárias. Os gráficos abaixo apresentam a positividade (com exames de antígeno e PCR) nas faixas etárias de 0 a 80+ anos.
Como já ilustrado nas seções anteriores, a positividade para dengue está aumentando desde novembro de 2024, o que é evidenciado abaixo pelas mudanças nos tons de azul escuro para azul claro. As faixas etárias com maior positividade na SE06 são a de 05-09 e 60-69 anos (13%), seguida pela de 70-79 anos (11%).
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Entre os meses de agosto a janeiro, os laboratórios parceiros detectaram mais de 3.093 infecções pelo vírus da dengue por exames de PCR e antígeno. De dezembro a janeiro é possível observar aumentos de casos em todas as faixas etárias.
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Entre os dados analisados também há resultados de exames que detectam outros arbovírus em circulação, como os vírus chikungunya (ilustrado nas seções iniciais do relatório), Zika, oropouche, febre amarela e mayaro. Abaixo está o número de exames positivos (por PCR, antígeno ou IgM) para esses vírus, por faixa etária, ao longo dos últimos meses.
O aumento do número de casos de chikungunya a partir de novembro de 2024 é notório. Por outro lado, mesmo com poucos casos, é importante salientar que o vírus da Zika continua circulando em território nacional, embora em baixa proporção.
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Este relatório e a Nota Informativa Nº 3/2025, do Ministério da Saúde, alertam para o aumento de casos de dengue e chikungunya. Previsão feita pelo ministério, por modelagem, aponta maior incidência de dengue em 2025 em relação a 2024 para alguns estados brasileiros.
Fique atento às recomendações do Guia de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroses, plano elaborado pelo Ministério da Saúde para o enfrentamento do período sazonal de 2024/2025, com o objetivo de combater dengue e outras arboviroses no Brasil.
Dengue e chikungunya são doenças vetoriais transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (A. aegypti e A. albopictus). Neste momento, apesar do recente lançamento da campanha de vacinação contra a dengue, a principal forma de controle ainda é o combate ao vetor.
Para isso, é preciso eliminar os criadouros, removendo recipientes que acumulam água, tanto antes quanto durante o período de surtos. Fique atento dentro e fora da sua casa, verifique locais que podem ser foco dos mosquitos e, se necessário, comunique à vigilância da sua cidade sobre terrenos baldios que possam conter criadouros.
Quando disponível, pessoas elegíveis devem se vacinar contra a dengue, conforme orientações do Ministério da Saúde. A vacinação e o controle vetorial são fundamentais para prevenir e proteger sua saúde.
O ITpS agradece aos laboratórios parceiros, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Sabin e Target, que gentilmente fornecem dados de diagnóstico para compreender o cenário epidemiológico da dengue, chikungunya e outras arboviroses.