A taxa de positividade de testes para covid-19 atingiu 30,2% na semana que termina em 23/9, após dois meses de aumento. As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de 1.252.477 diagnósticos moleculares feitos entre 18/9/22 e 23/9/23 por Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin.
Nas últimas semanas, informações geradas pelo Ministério da Saúde, Fiocruz, Abramed e ITpS vêm alertando sobre o cenário atual de subida de casos de covid-19. Esses múltiplos esforços, incluindo os de laboratórios parceiros e do ITpS, garantem uma vigilância epidemiológica mais robusta.
Desde o início da parceria com os laboratórios, em dezembro de 2021, o ITpS já analisou cerca de 4 milhões de resultados de testes diagnósticos. Dos testes realizados entre 17 e 23/9/23, 17,8% deram resultados positivos para ao menos um vírus respiratório (em vermelho, última coluna).
1. Cenário epidemiológico dos vírus SARS-CoV-2, Influenza A/B e VSR
As taxas de positividade seguem baixas para Influenza A (1,2%), Influenza B (0,8%) e VSR (5,5%). Para SARS-CoV-2, nos últimos 15 dias houve aumento de aproximadamente cinco pontos percentuais, chegando a 30,2%. Nos últimos anos, essas altas têm acompanhado a ocorrência de surtos no Brasil.
Para fins de comparação entre os principais patógenos respiratórios circulantes, os dois próximos gráficos consideram somente resultados de painéis virais, exames que detectam simultaneamente o seguinte conjunto de vírus nas amostras: SARS-CoV-2, Influenza A, Influenza B e VSR.
De 17 a 23/9 (última coluna do gráfico), entre os testes positivos para aqueles vírus respiratórios, 69% revelaram infecções por SARS-CoV-2 (covid-19), 6% por Influenza A, 2% por Influenza B e 24%, por Vírus Sincicial Respiratório.
No universo amostral da última semana, a maioria dos testes positivos (67%) nas faixas entre 0 e 4 anos apontou VSR. No grupo de 4 a 9 anos havia 31% de VSR e 41% de SARS. Nas demais faixas etárias, o predomínio é de SARS-CoV-2, com intervalos entre 74% a 100% dos casos positivos em adultos.
2. Cenário epidemiológico de outros patógenos respiratórios
Além dos vírus citados acima, alguns testes que analisamos detectam simultaneamente um outro conjunto de vírus nas amostras – Rinovírus, Enterovírus, Metapneumovírus, Vírus Parainfluenza, Bocavírus, Coronavírus sazonais e Adenovírus –, além de bactérias como Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila.
De 17 a 23/9, entre os patógenos respiratórios identificados por testes de painel de amplo espectro, rinovírus apresentou taxas de positividade de 18%. Para metapneumovírus a taxa chegou a 7.5%, e os coronavírus sazonais apresentaram positividade de 4%, após altas de até 14% em julho passado. Os demais patógenos apresentaram taxas abaixo de 6%.
Esses testes, menos frequentes, são avaliados de forma isolada para uma melhor comparação. A seguir, vemos o número de testes positivos para outros patógenos, com destaque à contínua alta detecção de rinovírus nos últimos 12 meses, onde foi detectado entre 11% e 41% dos exames.
Como muitos desses patógenos afetam crianças, estes painéis amplos são de duas a três vezes mais usados no grupo de 0 a 4 anos. Nesse grupo, na última semana, observamos alta prevalência de Rinovírus (em roxo, abaixo). Entre os 80+ houve aumento de metapneumovírus (rosa).
3. Taxas de positividade de testes por estados e faixas etárias
Continuamos rastreando a positividade dos testes de covid-19 por estados e faixas etárias. Na última semana, observou-se aumento na positividade em várias unidades federativas monitoradas.
No Distrito Federal tivemos a maior taxa, 39%. Outros estados com aumento evidente são: Mato Grosso (34%) e Rio de Janeiro (32%). Em seguida estão Goiás (28%), São Paulo (26%) e Paraná (25%). A última vez que tivemos esse número de estados com taxas acima de 20% foi na última onda de 2022.
O aumento na positividade de testes de covid-19 por faixa etária também é evidente. Entre 9/9 e 23/9, as taxas de positividade em faixas de 29 a 79 anos subiu de patamares próximos a 25%, para níveis acima de 33%. O grupo de 59 a 69 anos está com a maior taxa, 41%.
Como vemos abaixo, infecções por vírus Influenza A (gripe) têm sido pouco frequentes nas últimas semanas. Caso tenha sintomas respiratórios, a maior probabilidade é que seja SARS-CoV-2. Então, previna-se: use máscara, e se estiver sintomático, evite contato com pessoas mais vulneráveis.
O crescimento da positividade para covid-19 indica que o SARS-CoV-2 ainda circula e infecta os suscetíveis. Com o Programa Nacional de Imunizações (PNI) celebrando meio século neste mês, temos mais um motivo para nos vacinar e diminuir as chances de casos graves e hospitalizações.
O ITpS agradece aos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin, que gentilmente nos forneceram dados de diagnósticos moleculares (RT-PCR, Flow Chip e antígeno) para compreendermos o atual cenário epidemiológico.