Cenário epidemiológico | SARS-CoV-2 | Influenza A | Influenza B | VSR | Outros patógenos | Mensagens finais
A positividade para testes de vírus respiratórios continua em ascensão pela nona semana consecutiva. O vírus SARS-CoV-2 (covid-19) foi o principal responsável, mas, nas últimas quatro semanas, o crescimento também se deve ao aumento de testes positivos para influenza A. A Semana Epidemiológica (SE 38, encerrada em 20/9) apresentou positividade de 16% para SARS-CoV-2 e de 13% para influenza A.
As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), com dados de exames feitos até 20/9/2025 pelos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target. Desde dezembro de 2021, o ITpS já analisou 5.732.953 resultados de exames que detectam diferentes patógenos respiratórios.
Na última SE, pouco mais de 10% dos exames realizados tiveram resultado positivo para algum patógeno respiratório (linha amarela). Como veremos abaixo, essa taxa se deve principalmente aos testes positivos para SARS-CoV-2 e influenza A.
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As séries temporais abaixo informam os percentuais de exames positivos (positividade) para os vírus de maior relevância em saúde pública. No gráfico, as linhas ascendentes ao longo de semanas indicam surtos pelo país e as descendentes, o arrefecimento.
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Para fins de comparação entre os principais patógenos respiratórios circulantes, os quatro próximos gráficos consideram somente resultados de painéis virais, exames capazes de detectar simultaneamente os vírus SARS-CoV-2, influenza A, influenza B e Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
Abaixo estão os números absolutos de exames positivos por vírus, de acordo com a semana epidemiológica. É possível interagir com o gráfico passando o cursor do mouse sobre os elementos para obter informações adicionais ou clicando sobre os retângulos coloridos na legenda para incluir ou remover dados de vírus específicos.
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Em 2025, os vírus VSR e influenza A circularam simultaneamente, com um aumento de casos a partir de março e picos em abril e maio, respectivamente. Entre as semanas epidemiológicas 31 (encerrada em 2/8) e 36 (encerrada em 6/9), o SARS-CoV-2 foi o vírus respiratório predominante. No entanto, nas duas últimas semanas, o influenza A tornou-se o principal agente etiológico das infecções.
A seguir, é possível observar os mesmos dados apresentados acima, mas com destaque para os percentuais de exames positivos relativos a cada vírus. Nessa visualização está a frequência de cada um dos vírus circulantes.
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Na última semana analisada (SE 38, encerrada em 20/9), entre os exames positivos em painéis que detectam os quatro principais vírus respiratórios, houve predominância de influenza A (61%), seguido por SARS-CoV-2 (34%), VSR (4%) e influenza B (1%).
Em comparação com as semanas epidemiológicas anteriores, nota-se a redução da circulação de vírus respiratórios, como o VSR. No entanto, é possível perceber o aumento de casos de influenza A.
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Nas últimas semanas, o VSR deixou de ser o vírus respiratório mais frequente em crianças de 0 a 4 anos. O vírus mais detectado nessa faixa etária na última semana foi o influenza A (60%), seguido pelo SARS-CoV-2 (29%). Ainda em relação à SE 38, SARS-CoV-2 e influenza A são os vírus mais prevalentes nas demais faixas etárias.
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Embora ainda não haja padrão sazonal definido para surtos de covid-19 no Brasil, a positividade apresentou oscilações semelhantes nos últimos dois anos. Em 2025, o primeiro pico ocorreu em fevereiro (SE 7, encerrada em 15/2), com 24%, seguido por 1% de queda até junho (SE 24, encerrada em 14/6). Entre as SEs 30 a 35 (encerradas em 26/7 e 30/8, respectivamente), a positividade aumentou de 5% para 16%. Atualmente (SE 38), a positividade permanece em cerca de 16%.
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Para os gráficos abaixo foram utilizadas duas fontes de dados: exames de laboratórios parceiros e dados de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe). Os dados públicos de Srag foram coletados em 23/09 no OpenDataSUS.
É possível observar a seguir uma série temporal do número bruto de casos de Srag causados por SARS-CoV-2 comparada com a positividade para o vírus. O percentual de positividade calculado com dados de laboratórios parceiros tem se mostrado um indicador estratégico e oportuno por revelar com antecipação o início de surtos virais.
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Com base em mais de três anos de análises, é possível afirmar que a positividade indica com mais rapidez aumentos nas infecções, que, após algumas semanas, resultam em aumentos de casos graves pelo país.
Nota-se, nas últimas semanas, o aumento da circulação do SARS-CoV-2 em quase todas as faixas etárias, principalmente de 40 a 59 anos, representadas pela transição dos tons de azul escuro para azul claro.
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O mapa abaixo mostra os casos acumulados de covid-19 em todo o território nacional, com dados a partir de junho deste ano. Com base nos dados dos laboratórios parceiros, as Unidades Federativas (UFs) com o maior número de exames positivos acumulados desde a SE 24 (encerrada em 14/6), quando a positividade começou a aumentar, são São Paulo (1.764 casos), Distrito Federal (1.417 casos) e Goiás (791 casos).
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No gráfico a seguir há um recorte da positividade para SARS-CoV-2 em algumas UFs e SEs. Na última semana, MG apresentou a maior taxa de testes positivos (31%), seguido de SC (20%), GO (18%), DF (18%), RJ (13%), SP (10%) e PR (9%).
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Até 2019, as infecções pelo influenza A e outros vírus respiratórios no Brasil se concentravam principalmente no inverno, entre junho e setembro, como mostram os dados históricos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). No entanto, com o isolamento imposto pela pandemia de covid-19, esse padrão se modificou nos últimos anos.
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A positividade para o vírus influenza A cresceu de forma progressiva e atingiu o segundo maior percentual dos últimos dois anos na SE 20 (encerrada em 17/5), com 31%. Em seguida, a taxa de testes positivos para esse vírus diminuiu sucessivamente, porém, a partir da SE 35, a positividade voltou a subir, encerrando a SE 38 com 13%.
Entre 2022 e 2025 foram registrados ao menos cinco períodos de surtos de influenza A. Em agosto de 2022 (SE 38, encerrada em 24/9/2022), foi observado o maior patamar de positividade dos últimos anos (42%). E, recentemente, em maio de 2025, a circulação do vírus atingiu o segundo maior patamar, com 31% de resultados positivos.
O gráfico a seguir mostra uma comparação entre os dados dos nossos parceiros, representados pela linha azul, com os dados públicos de casos graves (Srag) derivados de infecções por influenza A entre 2022 e 2025, representados abaixo pelas barras coloridas. Observa-se que, em ambos os cenários, as tendências são similares, porém a positividade é o primeiro indicador a sofrer alteração se comparado com os dados brutos de Srag.
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Após o período de baixa circulação do vírus influenza A entre os meses de outubro (SE 41, encerrada em 12/10/2024) e novembro (SE 48, encerrada em 30/11/2024), houve, a partir de meados de dezembro, aumento da positividade em praticamente todas as faixas etárias, podendo ser observado pelos tons mais quentes no gráfico.
Houve queda na circulação do influenza A desde o final de junho, justamente quando entramos nos meses mais frios do ano, fato que evidencia alterações na sazonalidade comumente observada até 2019 (pré-pandemia). Na última semana (SE 38), a faixa etária mais acometida pelo vírus foi de 5 a 9 anos, com 30% de positividade.
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No mapa abaixo estão destacados os principais estados e municípios com registro cumulativos de infecções por Influenza A desde o início dos aumentos mais recentes de positividade de exames.
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O vírus influenza B tem circulado de forma contínua nos últimos anos, ainda que com baixa positividade em alguns períodos (<1%). No entanto, em 2024, entre maio (SE 21, encerrada em 25/5/2024) e setembro (SE 39, encerrada em 28/9/2024), o percentual de exames positivos aumentou de 0,5% para 21% – o maior dos últimos três anos. Em 2025, o maior percentual foi de 4% na SE 02 (encerrada em 11/1). Na última semana (SE 38), o percentual foi <1%.
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Nos últimos anos, o vírus do tipo B, assim como o A, causou surtos em períodos incomuns, como no verão de 2023 e na primavera de 2024. Esses desvios de sazonalidade resultam em uma maior imprevisibilidade dos surtos, fato que torna o cenário epidemiológico mais desafiador para o planejamento das campanhas de vacinação.
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Partindo da SE 27 (encerrada em 6/7/2024), é possível observar acima como os aumentos da positividade foram repentinos e, por consequência, os casos graves de influenza B. Nos últimos surtos de 2024, a positividade foi mais alta nas faixas etárias de 5 a 19 anos. Nesse período, alcançou 44% na faixa etária de 10 a 19 anos. Já em 2025, os maiores percentuais (acima de 5%) foram observados somente entre janeiro e fevereiro. Após esse período, a positividade caiu a patamares abaixo de 1% na maioria das faixas etárias.
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Entre os vírus respiratórios analisados pelo ITpS, o VSR foi o único que apresentou uma dinâmica mais sazonal, embora destoe do padrão recorrente, que até 2019 se dava no inverno. O VSR atingiu na SE 17 (encerrada em 26/4) a maior positividade dos últimos três anos para o período: 22%. Nas últimas quatro semanas, a positividade é de 1%.
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O gráfico a seguir mostra a positividade para o VSR em comparação aos casos graves de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) causados pelo mesmo vírus. As curvas de ambas as variáveis seguiram tendências muito similares, sendo que a positividade cresceu de forma antecipada em relação a aumentos visíveis de casos de Srag. As análises do ITpS indicam que os casos caíram, assim como os graves, segundo os dados públicos.
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Além dos quatro patógenos citados, alguns testes detectam simultaneamente um outro conjunto de vírus nas amostras – rinovírus, enterovírus, metapneumovírus, vírus parainfluenza, bocavírus, coronavírus sazonais e adenovírus –, além de bactérias dos gêneros Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila.
Na SE 38, dentre os patógenos respiratórios identificados nesse tipo de exame mais amplo, as maiores positividades foram registradas para: rinovírus (22%), coronavírus sazonais (14%), adenovírus (9%), bactérias e outros vírus <5%.
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Menos frequentes, esses exames também detectam os quatro principais vírus citados na seção 1, também apresentados aqui em caráter comparativo de frequência. Na última semana epidemiológica, houve aumento no número de infecções por patógenos respiratórios.
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O rinovírus esteve presente em pelo menos 26% dos exames realizados na última SE. Em ordem de frequência, neste mesmo período, as outras infecções foram causadas por SARS-CoV-2, influenza A, coronavírus sazonais (16%), adenovírus (10%) e metapneumovírus (7%), além de bactérias e outros vírus (<5%).
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Como muitos desses patógenos impactam a saúde de crianças, esses exames de painel amplo são de duas a três vezes mais usados na faixa etária de 0 a 4 anos. Por essa razão, observa-se aí uma concentração maior de exames positivos.
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Na última semana analisada, nesses exames de painel mais amplos, que dão um panorama mais preciso do que circula entre crianças de 0 a 4 anos, houve predominância de infecções por rinovírus.
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Atenção aos sintomas respiratórios. Enquanto a positividade para SARS-CoV-2 continua alta, as infecções por vírus influenza A estão aumentando, VSR e influenza B ainda circulam, mesmo em menor frequência, e todos afetam a saúde dos mais vulneráveis. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), com mais de meio século de sucesso, disponibiliza vacinas que reduzem as chances de casos graves e hospitalizações por covid-19 e gripe. Vacine-se!
O ITpS agradece aos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target, que, semanalmente, nos forneceram dados de exames diagnósticos (RT-PCR, Flow Chip e antígeno) para a compreensão do atual cenário epidemiológico.