X
Para aumentar ou diminuir a fonte, utilize os atalhos Ctrl+ (aumentar) e Ctrl- (diminuir) no seu teclado.
FECHAR
cores originais
mais contraste
A+
pesquisa

Perfil de morcegos coletados para vigilância de zoonoses em São Paulo (2022)

DATA DE PUBLICAÇÃO: 13.06.2024

Autoria: Adriana Ruckert da Rosa1; Débora Cardoso de Oliveira1; Juliana de Amorim1; Adriana Menezes1; Gisely Barone1; Anderson F. Brito2


1. Divisão de Vigilância de Zoonoses, Prefeitura de São Paulo
2. Instituto Todos pela Saúde


 


Esta análise foi feita com base em metadados de espécimes de morcegos encaminhados ao longo de 2022 à Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ) da Prefeitura de São Paulo. Tais metadados contêm as seguintes colunas de dados essenciais: data de coleta, cidade de origem dos espécimes, situação atípica de coleta, dados taxonômicos (família e espécie), hábito alimentar e faixa etária dos animais coletados. A análise foi realizada com intuito de auxiliar decisões de amostragem dos espécimes que serão utilizados no projeto de “Implementação da metagenômica como ferramenta de vigilância de vírus zoonóticos em morcegos” na DVZ.


Informações gerais


Em 2022, cerca de 2.850 espécimes foram encaminhados à DVZ (Fig. 1). Naquele ano, uma média de 238 espécimes foram remetidos, sendo quase metade das coletas (45%, n=1.286) realizadas no início do ano (janeiro e fevereiro) e no fim (novembro e dezembro).



Figura 1. Total de morcegos remetidos mensalmente à DVZ em 2022.


 


Situações atípicas de coleta


Dos espécimes enviados (Fig. 2), as principais situações atípicas de captura foram: 34,5% foram encontrados caídos no chão, 18% foram capturados em função de adentramento a residências e 5,6% foram coletados em abrigos de morcegos em edificações. Outras situações foram reportadas para 1,4% dos espécimes, e para 40,5% nenhuma informação sobre a situação atípica de captura estavam disponíveis. O grande número de espécimes coletados no final de maio/2022 foi resultado de captura de uma colônia de morcegos em Piracicaba (SP).



Figura 2. Proporções (A) e quantidades de espécimes de morcegos (B) remetidos semanalmente à DVZ em 2022, de acordo com as situações atípicas sob as quais foram coletados.


 


Hábitos alimentares


Quanto aos hábitos alimentares dos morcegos coletados (Fig. 3), 81,6% (n=2.330) eram insetívoros, 9,7%, frugívoros e 8,3%, nectarívoros. Apenas 0,4% dos animais eram hematófagos - esses foram coletados especificamente no início de abril/2022. Espécimes de hábito alimentar frugívoros foram encontrados principalmente entre maio e agosto/2022: 66,8% de animais do tipo foram coletados nesse período. Já espécimes hematófagos são mais raros, e em 2022 só foram observados em coletas de meados de abril, sendo todos da espécie Desmodus rotundus (n=12).




Figura 3. Proporções (A) e quantidades de espécimes de morcegos (B) remetidos semanalmente à DVZ em 2022, de acordo com seus principais hábitos alimentares.


 


Faixas etárias estimadas


Com relação às faixas etárias estimadas dos espécimes coletados em 2022, 71,5% dos animais eram adultos, 26%, jovens e apenas 2,3%, filhotes (Fig. 4A). Morcegos jovens foram mais capturados por volta do verão, entre novembro e fevereiro (Fig. 4B).



Figura 4. Proporções (A) e quantidades de espécimes de morcegos (B) remetidos semanalmente à DVZ em 2022, de acordo com a faixa etária estimada.


 


Informações taxonômicas dos morcegos


Entre as espécies capturadas ao longo de 2022, 71,1% eram da família Molossidae (Fig. 5A). Os demais eram das famílias Phyllostomidae (18,5%) e Vespertilionidae (10,5%) (Fig. 5B). Phyllostomidae foi observadoprincipalmente entre maio e agosto daquele ano.


Figura 5. Proporções (A) e quantidades de espécimes de morcegos (B) remetidos semanalmente à DVZ em 2022, de acordo com a família taxonômica.


 


Entre os Molossidae, a espécie Molossus molossus foi a mais frequente, seguida por Cynomops planirostris. Entre morcegos da família Phyllostomidae, Glossophaga soricina foi a espécie mais comum, seguida por Artibeus lituratus. Por fim, em Vespertilionidae, a espécie Myotis nigricans foi a mais coletada (Fig. 6).



Figura 6. Proporção de espécimes de morcegos remetidos à DVZ em 2022, por família e espécie.


 


Distribuição e origem geográfica


A DVZ recebe espécimes coletados em diversas regiões do Estado de São Paulo (Fig. 7). Entre o municípios de origem, a maioria é de regiões próximas à Região Metropolitana de São Paulo (Fig. 7A). No entanto, municípios mais distantes, como Campinas (RRAS15), Piracicaba (RRAS14) e São José do Rio Preto (RRAS12), também remetem grandes volumes de espécimes. Nenhum espécime proveniente das seguintes regiões foi remetido à DVZ: RRAS09 (DRS Bauru), RRAS10 (DRS Marília), RRAS11 (DRS Presidente Prudente) e RRAS13 (DRS Araraquara/Barretos/Franca/Ribeirão Preto).



Figura 7. Total de espécimes de morcegos coletados e remetidos à DVZ em 2022 (A) por município e (B) por macrorregiões de saúde (RRAS - Redes Regionais de Atenção à Saúde, numeradas no mapa).


 


Entre os municípios que mais remeteram espécimes em 2022 estão (Fig. 8): Campinas (n=884, 30,5%), São Paulo (546, 18,8%), Piracicaba (477, 16,5%), Sorocaba (347, 12%) e Jundiaí (223, 7,7%). Juntos, eles foram responsáveis por mais de 85% dos espécimes enviados à DVZ naquele ano. Embora de forma global tenha ocorrido uma maior frequência de envio de amostras no início e no fim do ano, a maioria dos municípios remetem amostras à DVZ todos os meses, sem um claro padrão sazonal (Fig. 8).


 



Figura 8. Número de espécimes de morcegos coletados e remetidos mensalmente à DVZ em 2022, de acordo com a cidade de origem.

VOLTAR
Instituto Todos pela Saúde (ITpS) Av. Paulista, 1.938 – 16º andar
São Paulo - SP – 01310-942