A positividade para chikungunya está em 29% na Semana Epidemiológica (SE07, encerrada em 15/2/25) – o patamar é superior ao observado nos últimos três anos para o mês de fevereiro. Em termos de comparação, em 2024, na mesma semana, a positividade estava em 20% e, em 2023, 21%. As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de cerca de 788 mil exames diagnósticos feitos entre janeiro de 2022 e janeiro de 2025 pelos laboratórios parceiros DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target.
A virada do ano foi marcada por crescimento da positividade e tendência de alta. O percentual, que era de 28% na SE01 (encerrada em 4/1/25), marcou 35% na SE06 (encerrada em 8/2/25) e nesta semana oscilou para baixo. É preciso acompanhar as próximas semanas para compreender melhor a disseminação do vírus.
Os dados dos laboratórios vêm principalmente dos estados das Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Entre eles, Mato Grosso é o que teve o maior percentual de positividade na última semana analisada. Em seguida aparecem São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.
"Estima-se que mais de 11 mil casos de chikungunya foram registrados no país apenas nas seis primeiras semanas deste ano e dados dos laboratórios parceiros apontam que pelo menos ⅓ dos exames tiveram resultado positivo, o que evidencia a transmissão acelerada do vírus", afirma o virologista Anderson Brito, coordenador científico do ITpS e dos relatórios de monitoramento.
Apesar do percentual de positividade para chikungunya ter sido o mais alto dentre as arboviroses, o número de casos totais de dengue ainda é maior. Isso porque são feitos mais exames para dengue do que para chikungunya. Neste ano, a positividade para dengue se mantém no patamar de 10%. "É importante que a população se atente neste período de chuvas para que não haja água parada em vasos, pneus e caixas, por exemplo, para evitar a proliferação de mosquitos. Como não há tratamento específico, é essencial eliminar os criadouros e evitar a picada, com o uso de repelente", afirma Brito.
Vírus da chikungunya pode evoluir para agravos neurológicos
A chikungunya é uma arbovirose transmitida pela picada de fêmeas infectadas do gênero Aedes. A doença pode evoluir em três fases: febril ou aguda, pós-aguda e crônica. Os principais sintomas envolvem febre, dores intensas nas articulações, manchas vermelhas pelo corpo, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, náuseas e vômitos, dor de garganta e diarreia e/ou dor abdominal. O vírus chikungunya também pode causar doenças neuroinvasivas, que são caracterizadas por agravos neurológicos, como é o caso da síndrome de Guillain-Barré, um distúrbio autoimune.
Os dados são atualizados semanalmente no site do ITpS, em gráficos dinâmicos: https://www.itps.org.br/pesquisa-detalhe/historico-de-surtos-de-arboviroses.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que auxiliem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias.
Os trabalhos foram iniciados com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. O ITpS tem como associada mantenedora a Fundação Itaú e como associados a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes: