Em queda há dez semanas, a positividade para dengue atingiu o percentual mais baixo de 2024 (6%) na Semana Epidemiológica 31 (SE31, de 28/7 a 3/8). A redução do número de casos já era esperada para essa época do ano em razão das quedas de temperatura e do índice pluviométrico, fatores que desfavorecem a proliferação do mosquito vetor, do gênero Aedes. As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de cerca de mais de 1,6 milhão exames diagnósticos feitos entre janeiro de 2022 e junho de 2024 pelos laboratórios DB Molecular, Fleury, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein e Sabin, sendo 670 mil deles realizados nos últimos 12 meses.
De acordo com os dados dos laboratórios parceiros, a maior positividade dos últimos dois anos ocorreu em maio de 2024 (SE20, de 12 a 18/5), quando alcançou o patamar de 38%. Deste ponto até o início de agosto (SE31), a positividade teve uma redução de mais de 30 pontos percentuais, e hoje está abaixo de 7%. O ano de 2024 foi marcado por uma das mais graves epidemias da dengue na América Latina. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil liderou o ranking dos países mais afetados pela doença.
Os dados analisados pelo ITpS vêm de todas as regiões do Brasil, mas se concentram principalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, e mostram importantes diferenças cronológicas dos surtos entre os estados. No Distrito Federal, por exemplo, o aumento na positividade de exames ocorreu antecipadamente, ainda na SE44 de 2023 (29/10 a 4/11). No DF e em Goiás, a positividade aumentou de patamares inferiores a 2% em outubro de 2023 para aproximadamente 50% em janeiro de 2024, o que resultou na decretação de situação de emergência naquelas unidades da federação. Os últimos dados disponíveis mostram que o percentual está em 7% em Goiás e 2% no DF.
Nos estados de Minas Gerais e São Paulo, o aumento da positividade ocorreu de forma mais gradual, com início em novembro de 2023. Em Minas, o ápice de positividade (35%) se deu na SE13 (24 a 30/3/24) e em São Paulo (42%), na SE 20 (12 a 18/5/24). Atualmente, os dois estados têm percentuais semelhantes, Minas, com 10%, e São Paulo, com 8%.
Na Região Sul, o aumento no percentual de exames positivos se iniciou em dezembro de 2023 em Santa Catarina e no Paraná. Já no Rio Grande do Sul, a curva começou a subir entre janeiro e fevereiro. Nesses estados, o pico foi registrado em meados de maio (de 44% a 50%), momento a partir do qual os percentuais passaram a cair – hoje estão abaixo de 8%.
O monitoramento de arboviroses realizado com dados de laboratórios parceiros reflete uma amostragem não uniforme das unidades federativas e sem ajuste populacional. O ITpS destaca a importância da análise de dados em tempo oportuno para fornecer informações que possam ajudar o poder público e as entidades de saúde pública a acompanhar a dinâmica da epidemia e, assim, subsidiar decisões de saúde pública de acordo com o cenário observado.
O próximo relatório de monitoramento de arboviroses do ITpS será publicado em novembro, ou assim que for identificado um novo surto. As análises de dados continuarão sendo publicadas, semanalmente, no site do Instituto em https://www.itps.org.br/pesquisa-detalhe/historico-de-surtos-de-arboviroses.
A atuação do ITpS
O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2021 com o objetivo de ajudar o Brasil a articular redes e desenvolver competências que auxiliem no preparo para o enfrentamento das futuras emergências sanitárias, como surtos, epidemias e pandemias.
Os trabalhos foram iniciados com um aporte de R$ 200 milhões feito com recursos da iniciativa Todos pela Saúde, criada em 2020 e que teve o Itaú Unibanco como principal doador. O ITpS tem como associada mantenedora a Fundação Itaú e como associados a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Academia Nacional de Medicina (ANM), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês.
O ITpS atua em três frentes: