Com dados de 144.542 testes feitos por DB Molecular e Dasa desde 1/3/22, análises do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) mostram aumento na frequência de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron, de 44% a 79,3% em duas semanas, reflexo da rápida disseminação viral.
Genomas das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron não têm os códons 69 e 70 do gene S. A falta desse fragmento faz com que testes RT-PCR Thermo Fisher falhem na detecção desse gene (SGTF, S gene target failure), porém outros são detectados (ORF1ab e N), garantindo o diagnóstico.
Genomas da subvariante BA.2 da Ômicron, por outro lado, apresentam os códons 69 e 70 do gene S intactos, o que leva à sua detecção (perfil SGTP, S gene target positive). Dessa forma, podemos avaliar a frequência da BA.2 (SGTP), bem como da BA.4 e BA.5 (SGTF).
Monitorando a proporção de casos com perfil SGTF podemos acompanhar o avanço das subvariante BA.4 e BA.5 da Ômicron, responsáveis pelo atual aumento do número de casos de covid-19 em muitos países. Nos próximos meses, o RT-PCR especial seguirá sendo útil.
Usando esse tipo de RT-PCR, vimos nas últimas semanas que a frequência de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 (em verde) vem aumentando de forma rápida. Por razões técnicas, temos neste relatório menos testes avaliados da última semana, por isso a aparente queda.
Nas últimas quatro semanas, observamos o avanço das subvariantes BA.4 e BA.5, que foram responsáveis pela última onda de casos na África do Sul. Já na próxima semana espera-se que essas subvariantes representem quase 100% dos casos.
Nas últimas duas semanas, o número de municípios com casos prováveis de BA.4 e BA.5 aumentou de 118 para 172 (pontos pretos abaixo), em 17 estados e no DF, uma alta de 47,5%. Os dados vêm principalmente do Sudeste, por isso a maior concentração nos estados da região.
Com dados de testes moleculares, avaliamos a positividade para covid-19 em alguns estados e por faixa etária. Os dados a seguir (semanais) mostram o cenário desde o início de dezembro de 2021. Nas últimas duas semanas, a positividade de testes subiu de 38,9% para 49,1% no Brasil.
Nossos relatórios apontam desde a primeira semana de abril um aumento na positividade de testes. Até o início de maio, a subida foi lenta, mas com o avanço de BA.4 e BA.5 a positividade cresceu mais rapidamente nos estados.
A positividade para covid-19 segue aumentando em todas as faixas etárias. Na última semana, a taxa em indivíduos com mais de 30 anos já alcançou patamares próximos ou superiores a 50%, similares ao observado no pico da subvariante BA.1, em janeiro.
Dentro da população amostral disponível vemos que a Ômicron BA.2 segue em declínio. Nas próximas semanas, as subvariantes BA.4 e BA.5 serão responsáveis pela quase totalidade dos casos de covid-19 no Brasil.
A África do Sul enfrentou uma onda de BA.4 e BA.5 recentemente, que teve menor proporção de casos graves e menor duração: cerca de 8 semanas. Como no Brasil, aquele país também enfrentou uma onda da BA.2, de menor impacto se comparada à de BA.1.
No momento, provavelmente vivemos a fase de maior transmissão de BA.4 e BA.5. Ao longo de julho, devemos observar quedas de positividade e de casos e os impactos da BA.4 e BA.5 à saúde pública tendem a ser inferiores à onda da subvariante BA.1, ocorrida no início do ano.
O aumento no número de casos de covid-19, no entanto, acende um alerta aos mais vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e não vacinados. As próximas semanas são cruciais para ampliar a cobertura vacinal contra a covid-19 e contra a gripe.
Todos que têm direito a doses adicionais dos imunizantes disponíveis, ou que ainda não tomaram nenhuma dose, devem procurar os postos de vacinação o quanto antes: o reforço vacinal é essencial para enfrentarmos o cenário epidemiológico atual e mitigar os eventuais impactos à saúde.
O ITpS agradece aos laboratórios privados de diagnóstico DB Molecular, Dasa e HLAGyn, que gentilmente disponibilizaram dados de testagem para nos ajudar a ter uma visão mais apurada do cenário atual.