A positividade para o SARS-CoV-2 (covid-19) aumentou cinco pontos percentuais nas últimas seis semanas epidemiológicas (de SE 21 a 27). Em contrapartida, o Influenza A e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) continuam em declínio, com 14% e 10%, respectivamente.
As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de 932.508 diagnósticos moleculares feitos entre 8/7/23 e 6/7/24 pelos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin.
Desde dezembro de 2021, o ITpS já analisou 4.770.125 milhões de resultados de exames diagnósticos de laboratórios parceiros. Na última semana epidemiológica (SE 27, encerrada em 6/7/24), apenas 8% dos exames foram positivos para algum vírus respiratório (vide linha amarela).
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1. Cenário epidemiológico dos vírus respiratórios de importância em saúde pública (VRISP)
Em 2024, o pico de positividade do SARS-CoV-2 ocorreu em fevereiro (SE 6), com 35,3%. Depois, houve um declínio contínuo, chegando a 1,7% em maio (SE 21), patamar mais baixo da série histórica desde 2022.
Após essa queda acentuada, observamos aumentos seguidos da positividade, chegando ao patamar de 7% na SE 27 (encerrada em 6/7). Como mostram nossos dados históricos, aumentos de positividade após uma forte queda tendem a sinalizar antecipadamente o início de novos surtos pelo país.
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Já a positividade para o vírus Influenza A teve um crescimento progressivo de dezembro (SE 48, encerrada em 2/12/23) a abril (SE 13, encerrada em 13/4/24), passando de 2% para 27%. Desde esse elevado patamar, a positividade segue em queda, chegando a 14% na SE 27 (encerrada em 6/7).
A positividade para VSR apresentou comportamento semelhante para Influenza A nos meses iniciais de 2024. O ápice ocorreu no início de abril (SE 14), 18%, e foi seguido por queda. Na última semana analisada (SE 27), a positividade dos exames para VSR atingiu 10%.
O Influenza B manteve-se em circulação nos meses iniciais de 2024, porém com baixa positividade (<1%). No entanto, desde maio deste ano (SE 21) a positividade aumentou de 0,5% a 2% (na SE 27), a maior dos últimos 12 meses. Vamos acompanhar se essa tendência irá se confirmar nas próximas semanas, o que pode indicar o início de surtos do vírus pelo país.
Para fins de comparação entre os principais patógenos respiratórios circulantes, os quatro próximos gráficos consideram somente resultados de painéis virais, exames capazes de detectar simultaneamente os vírus SARS-CoV-2, Influenza A, Influenza B e VSR.
A circulação do Influenza A e do VSR ocorreram concomitantemente. No gráfico a seguir, podemos perceber esse comportamento com o aumento gradual até o final do de abril, seguido de declínio abrupto até a última semana (SE 27).
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Na última semana analisada (SE 27), entre os exames positivos em painéis que detectam os quatro principais vírus respiratórios, houve predominância do Influenza A (56%), seguido por VSR (19%), SARS-CoV-2 (16%) e Influenza B (9%).
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Embora haja tendência de declínio nos casos, o vírus Influenza A segue circulando em todas as faixas etárias. O VSR tem a mesma tendência de queda, sendo mais observado na faixa etária de 0 a 4 anos. Já o SARS-CoV-2, em elevação de registros positivos, acometeu principalmente a população acima de 30 anos nas últimas semanas.
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Na última semana analisada (SE 27), nas faixas etárias entre 0 a 4 anos, 50% dos testes positivos de painel viral apontavam Influenza A e 40%, VSR. O vírus SARS-CoV-2 vem aumentando em frequência, sendo observado principalmente nas faixas acima de 50 anos, com frequências que vão de 22% a 43%.
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2. Cenário epidemiológico de outros patógenos respiratórios
Além dos quatro vírus citados, alguns testes detectam simultaneamente um outro conjunto de vírus nas amostras – Rinovírus, Enterovírus, Metapneumovírus, Vírus Parainfluenza, Bocavírus, Coronavírus sazonais e Adenovírus –, além de bactérias como Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila.
Entre 30/6 e 6/7, dentre os patógenos respiratórios identificados nesse tipo de exame mais amplo, as maiores positividades registradas foram para Rinovírus (33%), bactérias como Bordetella, Mycoplasma ou Chlamydophila (7%), coronavírus sazonais (10%) e Metapneumovírus (4%).
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Menos frequentes, esses exames também detectam os quatro principais vírus citados na seção 1, também apresentados aqui em caráter comparativo de frequência. Entre os resultados positivos desde o início do ano, fica claro o aumento no número de infecções por rinovírus, VSR e Influenza A, bem como infecções bacterianas.
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O Rinovírus esteve presente em pelo menos 35% dos exames realizados na semana encerrada em 6/7. Com frequência menores encontram-se Influenza A (15%), VSR (12%), coronavírus sazonais (8%), bactérias (8%) e adenovírus (6%).
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Como muitos desses patógenos impactam a saúde de crianças, esses exames de painel amplo são de duas a três vezes mais usados na faixa etária de 0 a 4 anos. Por essa razão, observamos aí uma concentração maior de exames positivos.
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Na última semana analisada (SE 27), além de Influenza A e VSR, exames de painel mais amplos nos dão um melhor panorama do que circula entre crianças de 0 a 4 anos. Nessa faixa observamos predominância de infecções por Rinovírus (37%), Adenovírus (11%), coronavírus sazonais (11%) e VSR (10%).
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3. Positividade de testes por faixas etárias
Como citado na seção 1, a positividade dos exames para SARS-CoV-2 vem aumentando de forma gradual ao longo das últimas seis semanas, indicativo direto da ocorrência de surtos pelo país. Na última semana, indivíduos acima de 50 anos tiveram positividade próxima ou acima de 10%.
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Já para Influenza A, após aumento no número de casos entre fevereiro e abril deste ano, observamos nas últimas semanas uma diminuição na positividade em todas as faixas etárias, embora ainda permaneça em patamares elevados (>15%) entre jovens e adultos. Caso apresente sintomas, lembre-se de usar máscara em ambientes públicos.
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4. Positividade de testes por estados brasileiros
Apresentamos abaixo um recorte geográfico da positividade para SARS-CoV-2 em alguns estados brasileiros. Pernambuco e Amazonas foram os estados com as maiores taxas na SE 27: 27% e 25%, respectivamente. Em seguida estão Distrito Federal (13%) e São Paulo (5%).
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5. Mensagens finais
SARS-CoV-2 e Influenza A seguem circulando e podem afetar a saúde dos mais suscetíveis. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), com mais de meio século de sucesso, disponibiliza vacinas que reduzem as chances de casos graves e hospitalizações. Vacine-se.
O ITpS agradece aos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin, que semanalmente nos forneceram dados de exames diagnósticos (RT-PCR, Flow Chip e antígeno) para compreendermos o atual cenário epidemiológico.