A positividade para o SARS-CoV-2 caiu quatro pontos nas últimas três semanas, porém segue tendo o maior percentual entre os vírus respiratórios. O Influenza B é o segundo vírus que mais infectou pessoas nas últimas semanas e hoje tem a maior positividade desde janeiro/2022.
As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de 994.665 diagnósticos moleculares feitos entre 9/9/23 e 7/9/24 pelos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn, Sabin e Target.
Desde dezembro de 2021, o ITpS já analisou 4.932.482 milhões de resultados de exames de laboratórios parceiros que detectam patógenos respiratórios. Na última semana epidemiológica (SE 36, encerrada em 7/9), 13% dos exames foram positivos para algum patógeno respiratório (veja linha amarela abaixo).
1. Cenário epidemiológico dos vírus respiratórios de importância em saúde pública (VRISP)
Em 2024, a positividade para SARS-CoV-2 esteve em patamar elevado, com 35%, em fevereiro (SE 6). Depois, houve declínio contínuo, chegando a 2% em maio (SE 21), o percentual mais baixo da série histórica desde 2022.
Após essa queda acentuada, observou-se um aumento gradual da positividade, alcançando 24% na SE 34 (encerrada em 24/8/2024). Porém, o percentual voltou a cair na última semana (SE 36), chegando a 20%, valor que mantém o SARS-CoV como o vírus mais frequente entre os VRISP.
O Influenza B circula de forma contínua nos últimos anos, ainda que com baixa positividade em alguns períodos (<1%). No entanto, desde maio de 2024 (SE 21), o percentual aumentou de 0,5% para 16% (SE 36), o maior dos últimos 12 meses. Estamos acompanhando com atenção essa tendência desde o relatório #33 (emitido em 17/7/24).
Já a positividade para o vírus Influenza A teve um crescimento progressivo de dezembro (SE 48, encerrada em 2/12/23) a abril (SE 13, encerrada em 13/4/24), passando de 2% para 27%. Desde então, o percentual está em queda, chegando a 4% na SE 36.
A positividade para VSR apresentou comportamento semelhante à do Influenza A nos meses iniciais de 2024. O ápice em 2024, 18%, ocorreu no início de abril (SE 14) e foi seguido por queda. Na última semana (SE 36), o percentual de exames positivos para VSR atingiu 2%.
Para fins de comparação entre os principais patógenos respiratórios circulantes, os quatro próximos gráficos consideram somente resultados de painéis virais, exames capazes de detectar simultaneamente os vírus SARS-CoV-2, Influenza A, Influenza B e VSR.
O aumento da circulação do Influenza A e do VSR ocorreu concomitantemente. No gráfico a seguir, podemos perceber o aumento gradual dos exames positivos até o final de abril, seguido de declínio abrupto até a última semana (SE 36). Hoje observamos um padrão semelhante de cocirculação, porém envolvendo SARS-CoV-2 e Influenza B.
Na última semana analisada (SE 36), entre os exames positivos em painéis que detectam os quatro principais vírus respiratórios, houve predominância do Influenza B (46%), seguido por SARS-CoV-2 (35%), Influenza A (12%) e VSR (7%).
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, o Influenza B está mais frequente na população entre 5 a 19 anos. Já o SARS-CoV-2 e o Influenza A encontram-se presentes em todas as faixas etárias. O VSR acomete principalmente os indivíduos menores de 4 anos.
Mesmo com a queda da positividade do Influenza A e do VSR, o monitoramento é primordial, já que eles são os vírus mais frequentes nos casos de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), como informado no último boletim epidemiológico do InfoGripe.
Na última semana analisada (SE 36), considerando a faixa etária de 10 a 19 anos, o Influenza B foi o vírus mais frequente (80%). Nas faixas de 0 a 4 anos, o VSR foi detectado em 26% das infecções. Na faixa etária de 60 a 69 anos, o SARS-CoV-2 mostrou-se o mais frequente (79%).
2. Cenário epidemiológico de outros patógenos respiratórios
Além dos quatro patógenos citados, alguns testes detectam simultaneamente um outro conjunto de vírus nas amostras – Rinovírus, Enterovírus, Metapneumovírus, Vírus Parainfluenza, Bocavírus, Coronavírus sazonais e Adenovírus –, além de bactérias dos gêneros Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila.
Entre 1 e 7/9, dentre os patógenos respiratórios identificados nesse tipo de exame mais amplo, as maiores positividades foram registradas para os vírus Rinovírus (27%), coronavírus sazonais (9%), Metapneumovírus (6%) e para as bactérias dos gêneros Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila (com 5%).
Menos frequentes, esses exames também detectam os quatro principais vírus citados na seção 1, também apresentados aqui em caráter comparativo de frequência. Entre a SE 32 e a 36, podemos observar o aumento recente no número de infecções por Rinovírus, Influenza B e SARS-CoV-2.
O Rinovírus esteve presente em pelo menos 29% dos exames realizados na semana encerrada em 7/9. Com frequências menores encontram-se Influenza B (22%), SARS-CoV-2 (13%), coronavírus sazonais (9%) e Metapneumovírus (7%).
Como muitos desses patógenos impactam a saúde de crianças, esses exames de painel amplo são de duas a três vezes mais usados na faixa etária de 0 a 4 anos. Por essa razão, observamos aí uma concentração maior de exames positivos.
Na última semana analisada (SE 36), além de Influenza A e VSR, exames de painel mais amplos nos dão um panorama mais preciso do que circula entre crianças de 0 a 4 anos. Nessa faixa etária, nas últimas semanas, observamos predominância de infecções por Rinovírus (31%), Adenovírus (13%), Coronavírus sazonais (12%) e Metapneumovírus (12%).
3. Positividade de testes por faixas etárias
Apesar da queda da positividade para SARS-CoV-2, citada na seção 1, o percentual ainda mantém-se elevado (veja abaixo a transição do azul escuro indo para tons mais claros). Na última semana epidemiológica (SE 36), resultados de exames de indivíduos acima de 40 anos ainda tiveram positividade acima de 28%.
Já para Influenza A, após aumento no número de casos entre fevereiro e abril deste ano, observamos nas últimas semanas uma diminuição da positividade em todas as faixas etárias. O percentual de positividade para Influenza A em todos esses grupos chegou a patamares abaixo de 6% na última semana analisada.
4. Distribuição geográfica dos exames positivos para SARS-CoV-2 e Influenza B
Apresentamos abaixo um recorte geográfico da positividade para SARS-CoV-2 em algumas unidades federativas. Distrito Federal (29%), Paraná (26%) e Minas Gerais (24%) foram as unidades da federação com os maiores percentuais na última semana epidemiológica (SE 36).
Abaixo, vemos de forma cumulativa como as infecções por SARS-CoV-2 têm se disseminado em estados e municípios desde o fim de maio (SE 21), quando registramos os primeiros aumentos na positividade. Laboratórios parceiros do ITpS já identificaram casos de covid-19 em todos os estados do Brasil, exceto em Sergipe.
No mesmo cenário de crescimento encontra-se o vírus Influenza B. O mapa abaixo mostra a evolução do número cumulativo de exames positivos, que aponta infecções pelo vírus em pelo menos 92 municípios (de 13 UFs), entre maio e agosto de 2024.
Os dados apresentados nesta seção não cobrem todas as regiões de maneira equitativa, ou seja, não são geograficamente representativos. Apesar dessa limitação, as análises espaciais evidenciam como esses vírus vêm gerando infecções em diferentes estados brasileiros. Para capturar o cenário de todo o país de modo mais preciso, o ITpS está aberto à inclusão de novos parceiros.
5. Mensagens finais
SARS-CoV-2 e Influenza B afetam a saúde dos mais suscetíveis e neste momento são os vírus com maior prevalência. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), com mais de meio século de sucesso, disponibiliza vacinas que reduzem as chances de casos graves e hospitalizações causadas por esses vírus. Vacine-se.
O ITpS agradece aos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin, que, semanalmente, nos forneceram dados de exames diagnósticos (RT-PCR, Flow Chip e antígeno) para compreendermos o atual cenário epidemiológico.