Os vírus Influenza B e rinovírus são os patógenos respiratórios predominantes nas últimas quatro semanas. No cenário geral, SARS-CoV-2 e Influenza A seguem em declínio. O patamar de positividade do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) está baixo desde agosto/24.
As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com dados de 994.665 diagnósticos moleculares feitos entre 9/9/23 e 7/9/24 pelos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target.
Desde dezembro de 2021, o ITpS já analisou 5.036.146 milhões de resultados de exames de laboratórios parceiros que detectam patógenos respiratórios. Na última semana epidemiológica (SE 41, encerrada em 12/10), 10% dos exames foram positivos para algum patógeno respiratório (veja linha amarela abaixo).
1. Cenário epidemiológico dos vírus respiratórios de importância em saúde pública (VRISP)
Em 2024, a positividade para SARS-CoV-2 esteve em patamar elevado, com 35%, em fevereiro (SE 6). Depois, houve declínio contínuo, chegando a 2% em maio (SE 21), o percentual mais baixo na série histórica desde 2022 em nosso universo amostral.
Após essa queda acentuada, observou-se um aumento gradual da positividade, alcançando 25% na SE 34 (encerrada em 24/8/2024). Porém, o percentual voltou a cair, chegando a 8% na última semana epidemiológica (SE 41), reflexo do arrefecimento dos surtos observados nos últimos meses.
O Influenza B tem circulado de forma contínua nos últimos anos, ainda que com baixa positividade em alguns períodos (<1%). No entanto, desde maio de 2024 (SE 21), o percentual aumentou de 0,5% para 21% (SE 39), o maior dos últimos 12 meses. Na última semana (SE 41), a positividade apresentou queda de três pontos percentuais, chegando a 18%.
Já a positividade para o vírus Influenza A teve um crescimento progressivo de dezembro (SE 48, encerrada em 2/12/23) a abril (SE 13, encerrada em 13/4/24), passando de 2% para 27%. Desde então, o percentual está em queda, chegando a 4% na SE 41.
A positividade para VSR apresentou comportamento semelhante à do Influenza A nos meses iniciais de 2024. O ápice em 2024, 18%, ocorreu no início de abril (SE 14) e foi seguido por queda. Na última semana (SE 41), o percentual de exames positivos para VSR aumentou ligeiramente, de 0,3% para 0,9%.
Para fins de comparação entre os principais patógenos respiratórios circulantes, os quatro próximos gráficos consideram somente resultados de painéis virais, exames capazes de detectar simultaneamente os vírus SARS-CoV-2, Influenza A, Influenza B e VSR.
O aumento da circulação do Influenza A e do VSR ocorreu concomitantemente no primeiro semestre. O gráfico mostra o aumento gradual dos exames positivos até o final de abril, seguido de declínio abrupto. Hoje há um padrão semelhante de cocirculação, porém envolvendo SARS-CoV-2 e Influenza B.
Na última semana analisada (SE 41), entre os exames positivos em painéis que detectam os quatro principais vírus respiratórios, houve predominância do Influenza B (61%), seguido por SARS-CoV-2 (20%), Influenza A (15%) e VSR (3%).
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, o Influenza B está mais frequente na população entre 5 a 19 anos e o VSR, nos menores de 4 anos. Em contrapartida, o SARS-CoV-2 acomete mais a população acima de 50 anos e o Influenza A encontra-se distribuído em todas as faixas etárias.
Apesar do Influenza B apresentar a maior positividade na última semana, o monitoramento dos demais vírus respiratórios é primordial, já que o SARS-CoV-2 e o Influenza A são os principais responsáveis por hospitalizações e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), como informado no último boletim epidemiológico do InfoGripe.
Na última semana analisada (SE 41), considerando a faixa etária de 10 a 19 anos, o Influenza B foi o vírus mais frequente (88%). Nas faixas de 0 a 4 anos, o VSR foi detectado em 20% das infecções. Na faixa etária de 70 a 79 anos, o SARS-CoV-2 mostrou-se o mais frequente (80%).
2. Cenário epidemiológico de outros patógenos respiratórios
Além dos quatro patógenos citados, alguns testes detectam simultaneamente um outro conjunto de vírus nas amostras – Rinovírus, Enterovírus, Metapneumovírus, Vírus Parainfluenza, Bocavírus, Coronavírus sazonais e Adenovírus –, além de bactérias dos gêneros Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila.
Entre 6 e 12/10, dentre os patógenos respiratórios identificados nesse tipo de exame mais amplo, as maiores positividades foram registradas para os vírus Rinovírus (29%), coronavírus sazonais (11%), bactérias dos gêneros Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila (com 9%), além de Metapneumovírus (8%).
Menos frequentes, esses exames também detectam os quatro principais vírus citados na seção 1, também apresentados aqui em caráter comparativo de frequência. Em 24/8/2024 (SE 34) podemos observar o aumento no número de infecções por Rinovírus, Influenza B e SARS-CoV-2, seguido da queda atual.
O Rinovírus esteve presente em pelo menos 30% dos exames realizados na semana encerrada em 12/10. Com frequências menores encontram-se Influenza B (18%), coronavírus sazonais (12%), Metapneumovírus (9%) e Bactérias (9%).
Como muitos desses patógenos impactam a saúde de crianças, esses exames de painel amplo são de duas a três vezes mais usados na faixa etária de 0 a 4 anos. Por essa razão, observa-se aí uma concentração maior de exames positivos.
Na última semana analisada (SE 41), exames de painel mais amplos dão um panorama mais preciso do que circula entre crianças de 0 a 4 anos. Nessa faixa etária, nas últimas semanas, houve predominância de infecções por Rinovírus (33%), Adenovírus (15%), Coronavírus sazonais (14%) e Metapneumovírus (11%).
3. Positividade de testes por faixas etárias
A positividade para SARS-CoV-2 encontra-se baixa (veja abaixo a transição do azul claro indo para tons mais escuros). Na última semana epidemiológica (SE 41), resultados de exames de indivíduos acima de 50 anos ainda tiveram positividade maior que 13%.
Já para Influenza A, após aumento no número de casos entre fevereiro e abril deste ano, houve nas últimas semanas uma diminuição da positividade em todas as faixas etárias. O percentual de positividade para Influenza A varia de 2 a 7% na última semana.
Ficou bem evidente o aumento repentino do Influenza B, principalmente nas faixas etárias de 5 a 19 anos, a partir da SE 27 (06/07/2024), em que a positividade ainda manteve-se <10%. A intensidade tornou-se maior na SE 32 (10/08/2024), com o aumento para 14% e evolução até 34% na última semana. Esse patamar mais elevado (>15%) nas faixas etárias de 5 a 19 anos persistirá por mais 3-4 semanas.
4. Distribuição geográfica dos exames positivos para o Influenza B
Apresentamos abaixo um recorte geográfico da positividade para o Influenza B nas últimas quatro semanas epidemiológicas. O mapa abaixo mostra a evolução do número cumulativo de exames positivos, que apontam infecções pelo vírus em pelo menos 143 municípios (de 12 UFs), entre junho e outubro de 2024, segundo dados dos laboratórios parceiros.
Os dados apresentados nesta seção não cobrem todas as regiões de maneira equitativa, ou seja, não são geograficamente representativos. Apesar dessa limitação, as análises espaciais evidenciam como esses vírus vêm gerando infecções em diferentes estados brasileiros. Para capturar o cenário de todo o país de modo mais preciso, o ITpS está aberto à inclusão de novos parceiros.
5. Mensagens finais
SARS-CoV-2 e Influenza B afetam a saúde dos mais suscetíveis e neste momento são os vírus com maior prevalência. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), com mais de meio século de sucesso, disponibiliza vacinas que reduzem as chances de casos graves e hospitalizações causadas por esses vírus. Vacine-se.
O ITpS agradece aos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target, que, semanalmente, nos forneceram dados de exames diagnósticos (RT-PCR, Flow Chip e antígeno) para a compreensão do atual cenário epidemiológico.