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Monitoramento de patógenos respiratórios - relatório 30

DATA DE PUBLICAÇÃO: 19.01.2024

Iniciando 2024, o ITpS apresenta seu relatório anual, analisando as tendências e mudanças observadas nas infecções causadas por patógenos respiratórios em 2022 e 2023, com os dados dos laboratórios parceiros: Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin.


Desde dezembro de 2021, os laboratórios parceiros forneceram 4.139.156 resultados de testes diagnósticos. Em 2023, aproximadamente 900 mil resultados de testes foram analisados e interpretados pelo ITpS. Essas análises permitiram o acompanhamento do aumento do número de casos de forma rápida e oportuna.


O gráfico abaixo mostra o número de testes positivos e negativos, por semana epidemiológica, considerando a somatória de todos os patógenos analisados em 2023:


-------IMG1 BAR POSNEG-------




1. Análises comparativas da epidemiologia de vírus respiratórios circulantes em 2022 e 2023



As análises comparativas entre 2022 e 2023 com foco nos principais vírus respiratórios permitem verificar se existem padrões de positividade, sazonalidade e tendências para SARS-CoV-2, Influenza A, Influenza B e o Vírus Sincicial Respiratório.



SARS-CoV-2 (Covid-19)



Em 2022, observamos três picos de positividade para SARS-CoV-2. O primeiro teve início em janeiro (SE 1), atingindo uma taxa de 52% no fim daquele mês. O segundo iniciou-se em maio (SE 19), levando a 46% de positividade na SE 25. Por fim, o terceiro, com início no fim de outubro (SE 44), elevou a positividade para 39% no fim de novembro daquele ano (SE 47).


Já em 2023, apontamos dois períodos de aumento da positividade: um deles com início em fevereiro (SE 6), atingindo 23%, e o outro em meados de agosto (SE 33), com 33%. Os surtos de covid-19 que se seguiram a esses aumentos foram reportados por Fiocruz, Opas e por veículos de mídia.


-------IMG 22vs23 SARS------




Com base nas análises de dados dos laboratórios parceiros do ITpS é possível dizer que nos últimos anos não houve um padrão sazonal de ocorrência das epidemias de covid-19 no Brasil, ou seja, a doença não tem se concentrado em períodos específicos dos anos.


-------IMG Mapa 23 SARS------

2024 Respira 30_2.1 - Distribuição geográfica dos exames positivos para SARS-CoV-2 em 2023


Em 2023, observamos a constante circulação do SARS-CoV-2 nos estados brasileiros. Houve períodos com forte elevação das taxas de positividade e consequente aumento dos casos de covid-19, como reportamos em meados de março (relatório #19) e no final de agosto (relatório #22).


 


Influenza A (Flu A - Gripe)



O ano de 2022 começou com alta positividade para Influenza A (27% na SE 1), mas o maior pico ocorreu em setembro (SE 39), com 41%. Em 2023, tivemos um período de alta positividade por 12 semanas, entre a SE 15 e 26 (de 9/4 a 1/7/23), com ápice em maio (18% na SE 18).


-------IMG 22vs23 FLU A------




Até 2019, os casos de Influenza A no Brasil se concentravam no inverno (entre junho e setembro), como mostram os dados históricos da Opas. No entanto, com o isolamento imposto pela pandemia da covid-19,  esse padrão se modificou, conforme temos demonstrado nos últimos dois anos.


-------IMG Mapa 23 FLUA------

teste



Em 2023, os relatórios do ITpS apontaram que os casos de Influenza A em diferentes estados brasileiros se concentraram principalmente nos meses de abril a junho (vide mapas). No relatório #20, reportamos aumento na taxa de positividade que culminou em surtos no país, que elevaram os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), como apontado pela Fiocruz.



Influenza B (Flu B - Gripe)



Tão importante quanto a Influenza A, o vírus da Influenza B (Flu B) também causa gripe sazonal. Em 2022, a positividade para esse vírus foi pouco expressiva, chegando a, no máximo, 0,6% em janeiro (SE 3) e 0,5% em dezembro (SE 51).



Em março de 2023, indicamos no relatório #19 o início do aumento do número de casos de Influenza B no Brasil. A taxa de positividade para esse vírus atingiu 12% naquele mês (SE 9). O aumento da circulação desse vírus, junto com o Influenza A, também foi observado em estudos da Fiocruz.


-------IMG 22vs23 FLU B------





Nota-se também que a Flu B apresentou alta de positividade em meses incomuns no período de verão. Esse desvio de sazonalidade possivelmente também decorre dos impactos da pandemia de covid-19.


Em diferentes estados brasileiros houve uma concentração de testes positivos para Influenza B entre os meses de março e junho de 2023. Entre os dados que analisamos, observamos o maior número de testes positivos no Sul e no Sudeste, mas outras regiões também foram afetadas.


-------IMG Mapa 23 FLUB------

2024 Relatório 30_4.1 - Distribuição geográfica dos exames positivos para FluB em 2023


Vírus Sincicial Respiratório (VSR)


 


Assim como os vírus acima, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) também iniciou 2022 com alta taxa de positividade: 20% em janeiro (SE 01). Um segundo pico de positividade ocorreu em abril (SE 17), chegando a 18%, e o último alcançou 19%, em dezembro daquele ano (SE 52).


-------IMG 22vs23 VSR------




Em 2023, o padrão de elevada taxa de positividade se repetiu no mês de janeiro (SE 01), chegando a 17%, com outra elevação em abril (SE 15), alcançando 19%. Por fim, houve um novo aumento de positividade em dezembro (SE 51), com ápice em 11%.


O VSR foi o único vírus respiratório analisado pelo ITpS que apresentou uma dinâmica mais sazonal entre os anos de 2022 e 2023. No entanto, a ocorrência de surtos no início e no fim do ano destoa do padrão que era observado até 2019, ilustrado nos dados históricos da Opas.



Assim como para os vírus Influenza A e B, os períodos sazonais de VSR também foram afetados pelas mudanças comportamentais que a pandemia de covid-19 nos impôs. Ainda não sabemos quando esses vírus voltarão a ter seus ciclos sazonais comumente observados até 2019.


Em 2023, a partir de janeiro, o VSR se disseminou pelo Brasil até atingir seu ápice no mês de abril. Detectamos casos positivos inicialmente em estados das Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, mas após quatro meses já era possível detectar o vírus em praticamente todos os estados brasileiros.


-------IMG MAPA VSR 23 ------

2024 Relatório 30_5.1 - Distribuição geográfica dos exames positivos para VSR em 2023


Em 2022, as análises realizadas e publicadas pelo ITpS nos relatórios #3 (de 18/3/22) e #15 (de 27/10/22) anteciparam o início dos surtos de VSR, que também foram reportados pelo Ministério da Saúde (MS), por secretarias de Saúde e pela Fiocruz.


Da mesma forma, em 2023, os relatórios #18 (de 10/2/23) e #28 (de 05/8/23) alertaram para o aumento abrupto da taxa de positividade para VSR. O primeiro surto do ano levou a aumentos nas hospitalizações de crianças, como apontado pela Fiocruz e pelo Ministério da Saúde.


-------IMG Pyr 23 month ------




Usando apenas exames de painel viral para os quatro principais vírus respiratórios, observamos acima como a prevalência desses vírus variou ao longo do tempo, nas diferentes faixas etárias.


Vemos no gráfico acima que os vírus Influenza A e B tiveram seus períodos de alta prevalência no primeiro semestre do ano. Já o SARS-CoV-2 tornou-se o principal vírus em circulação no começo do ano, com novos aumentos de prevalência entre agosto e outubro de 2023.


Os vírus Influenza A e VSR atingiram as faixas etárias de forma diferente. O Influenza A apresentou número relevante de casos entre adultos e idosos, enquanto o VSR acometeu principalmente crianças de 0 a 4 anos. O Influenza B, por outro lado, atingiu em especial jovens adultos.


De forma geral, esses quatro vírus respiratórios de importância em saúde pública nunca deixaram de circular no Brasil ao longo de todo o ano passado. Isso demonstra a importância do monitoramento constante – e em tempo oportuno – para resposta precoce às suas epidemias.



2. Cenário epidemiológico dos vírus respiratórios de importância em saúde pública (VRISP) em 2024


 


Com apoio dos laboratórios parceiros, continuaremos em 2024 monitorando surtos e epidemias de vírus respiratórios de importância em saúde pública (VRISPs). Seguiremos informando os gestores de saúde e a população sobre tais eventos epidemiológicos, sempre em tempo oportuno.



Na segunda semana de 2024, entre 07/01/24 e 13/01/24 (SE 02), a taxa de positividade para Influenza A, que vem aumentando desde novembro de 23, atingiu o patamar de 13,5%. Esse padrão se assemelha ao observado no início do ano passado e que culminou em surtos pelo Brasil.


 


A taxa de positividade para SARS-CoV-2 se manteve 20% após forte queda entre novembro e dezembro/2023 seguido por um leve aumento em dezembro. Já para VSR, após aumentos de positividade acima de 10%, essa taxa caiu, e hoje está em 4%.


-------IMG2 LINE PANEL4-------




No final do gráfico acima, referente ao período de 02/12/23 (SE 48) a 13/01/24 (SE 02), é possível inferir algumas tendências, a se destacar: o crescimento da taxa de positividade para Influenza A (de 2,5% para 13,5%) e a estabilidade da positividade para SARS-CoV-2 (~20%).


Com resultados de painéis virais, os gráficos a seguir permitem a comparação entre os principais patógenos respiratórios circulantes, uma vez que os exames detectam simultaneamente o seguinte conjunto de vírus nas amostras: SARS-CoV-2, Influenza A, Influenza B e VSR.


Na segunda semana de 2024 (SE 02, última coluna do gráfico) houve predominância das infecções por Influenza A, que representaram 53% dos testes positivos. Em seguida temos SARS-CoV-2 (35%), VSR (11%) e Influenza B (1%).


-------IMG3 BAR PANEL4-------





SARS-CoV-2 e Flu A têm atingido diferentes faixas etárias, enquanto VSR é predominante entre 0 a 4 anos. Em meados de dezembro (SE 51), houve aumento na frequência de testes positivos para VSR, com posterior queda (SE 52), e na primeira quinzena de janeiro, aumento de Flu A.


-------IMG4 PYR PANEL4-------





3. Cenário epidemiológico de outros patógenos respiratórios em 2024


Além dos vírus citados, alguns testes detectam simultaneamente um outro conjunto de vírus nas amostras – Rinovírus, Enterovírus, Metapneumovírus, Vírus Parainfluenza, Bocavírus, Coronavírus sazonais e Adenovírus –, além de bactérias como Bordetella, Mycoplasma e Chlamydophila.


De 07/11/24 a 13/01/24 (SE 02), entre os patógenos respiratórios citados acima, as maiores taxas de positividade foram observadas para Rinovírus (15%), Vírus Parainfluenza (11%), Bactérias como Bordetella, Mycoplasma ou Chlamydophila (10%). Os demais patógenos ficaram abaixo de 6%.


-------IMG5 LINE PANEL8-------




Em 2023, observamos um predomínio de Rinovírus frente aos demais patógenos cobertos pelo teste. As taxas de positividade para esse vírus se mantiveram, em geral, acima de 15% a maior parte do ano, com grandes oscilações, chegando a 41% no fim de agosto passado.


Entre os outros vírus, destacaram-se os coronavírus sazonais, que tiveram aumento de prevalência e positividade entre maio e agosto de 2023, bem como no fim do ano. Infecções por bactérias como Bordetella, Mycoplasma ou Chlamydophila também chamaram a atenção nos últimos meses.


-------IMG6 BAR PANEL8-------





Como muitos desses patógenos afetam crianças, esses painéis amplos são de duas a três vezes mais usados na faixa etária de 0 a 4 anos. Nesse grupo, na segunda semana de 2024, observamos principalmente infecções por Rinovírus, bactérias e Vírus Parainfluenza.


-------IMG7 PYR PANEL8-------




4. Taxas de positividade de testes por estados e faixas etárias


A positividade dos testes de covid-19 por estados e faixas etárias na última semana vem apresentando relativa estabilidade. As Regiões Nordeste e Norte ainda requerem maior atenção quando comparadas aos estados monitorados no Sudeste, Centro-Oeste e Sul.



Bahia, Pernambuco e Amazonas são os estados com as maiores positividades: 40%, 33% e 33%, respectivamente (dados de outros estados das regiões não estão disponíveis). Em seguida estão Mato Grosso (29%), Paraná (28%), Rio de Janeiro (26%), Distrito Federal (25%) e Minas Gerais (23%).



Valores das semanas recentes podem flutuar em decorrência da entrada de novos dados. As seguintes unidades federativas têm positividade abaixo de 20%: Santa Catarina (16%), São Paulo (14%) e, até 06/01/24 (SE 01), Goiás (14%).


-------IMG8 HEATMAP UF-------





Embora as taxas de positividade de SARS-CoV-2 estejam estabilizadas, há registro constante de casos positivos. Na última semana, as faixas etárias acima de 50 anos seguiram com positividade acima de 25%. O grupo etário de + 80 anos apresentou a taxa mais alta no período (26,5%).


-------IMG9 HEATMAP SC2-------




Desde meados de novembro temos observado aumento nas taxas de positividade para Influenza A em todas as faixas etárias. Esse padrão indica a ocorrência de surtos de gripe pelo país. É importante manter a vigilância nas próximas semanas à medida que esses eventos progridem.





Ao longo dos últimos dois anos, os relatórios do ITpS apontaram em tempo oportuno o início das ondas dos casos provocados pelos VRISP e outros patógenos. Isso só foi possível graças à celeridade de nossos parceiros em compartilhar os dados semanalmente para os monitoramentos.



Agradecemos aos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin, que gentilmente nos fornecem dados de diagnóstico molecular (RT-PCR, Flow Chip e antígeno) para compreendermos o cenário epidemiológico desses vírus.

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